O
fracasso do cessar-fogo, ainda que localizado e por algumas horas, para
evacuação de civis de cidades no sudeste da Ucrânia tem versões diferentes – e
inacreditáveis – dos dois lados, ambas estranhas.
Não
faz sentido que os russos tenham proposto uma suspensão das hostilidades para
continuarem, eles próprios, bombardeando, como não tem lógica que ucranianos
possam estar sabotando a retirada de civis de uma área que, todos sabem, está
militarmente condenada, como o porto de Mariupol.
Será
assim, provavelmente, com qualquer outra mitigação dos danos humanos que possa
propor.
Ninguém
é fiador destes acordos, por uma simples razão, além do óbvio isolamento a que
foi relegada a Rússia: o monolitismo do bloco ocidental e a sua adesão ao
“discurso heroico” de Volodimir Zelensky (que não hesita, sequer, em
exigir-lhes o engajamento de suas forças aéreas no combate, a pretexto da
criação de uma “zona de exclusão aérea” na Ucrânia.
Só
há uma força política e econômica com peso para isso, e é a China. De que
não se fará da Ucrânia uma ponta de lança da Otan às portas da Rússia, o que não parece difícil, que a Russia concorde em, diante deste
compromisso, reduzir a questão com a Ucrânia ao cumprimento dos acordos de Minsk,
firmados após a anexação da Criméia.
Se
a China é “comunista” demais, que se agregue ao grupo de fiadores a Índia e
Israel, dois países “de direita” que não aderiram à histeria anti-Rússia.
Os
governos europeus, perdidos no torvelinho belicista em que entraram, talvez
não percebam que esta crise vai realimentar o crescimento da extrema-direita em
seus países, que parecia ter sido contido, a considerar os resultados das
últimas eleições no continente.
Zelensky
tornou-se, em 15 dias, o principal líder da Europa, mesmo fora – por enquanto –
da União Europeia e da Otan. Não só é um outsider, mas uma pessoa
que conseguiu conviver harmonicamente com todas as organizações de
extrema-direita do país.
Tijolaço.
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