Em
entrevista a uma rádio do Mato Grosso do Sul, Jair Bolsonaro esqueceu o bordão
de que “é culpa do ICMS”disse que a CPI da Covid é responsável pelo aumento dos
preços que está levando a inflação para acima dos 10%:
É
um absurdo o que esses caras [senadores] fizeram, tem repercussão fora do
Brasil. Prejudica nosso ambiente de negócios, não ajuda a cair o preço do
dólar, leva uma desconfiança para o mundo lá fora,”Há um estrago feito por
parte da CPI, que atrapalha todos nós. Isso reflete quando você fala em dólar,
aumento de combustíveis”.
De
novo, ele terceiriza a responsabilidade pelo quadro da economia, que vai dando
sinais perigosíssimos de deterioração, como a revisão de expectativas para 2022
feitas pelo Itaú, já prevendo agora recessão (-0,5%) para o PIB do ano que vem.
É
fogo na inflação o novo aumento da gasolina e, sobretudo, o do diesel.
Este,
especialmente, tem o potencial de ser inflamável com a insatisfação dos
caminhoneiros, nos quais, antes de implantada a já insignificante “bolsa” de R$
400, sapecou-se um aumento de 9%, que representa, só ele, um valor maior no
gasto médio com combustível de um transportador.
O
movimento marcado para o dia 1° de novembro foi, sem dúvida, aditivado pela
medida.
Mas,
embora seja este o lado mais imediato e visível da insatisfação com o aumento
dos combustíveis, que já alcança 70% no ano, é claro que a alta da gasolina vai
erodindo o que resta de apoio a Bolsonaro na classe média, extremamente
suscetível a este preço, pelo uso intenso de automóvel.
Há,
também, o efeito no preço do frete e das mercadorias transportadas,
inescapável, porque o setor de logística já estava operando “no talo”, por
conta do custo do combustível.
Hoje,
como previsível, a estimativa para a inflação passou dos 9% no Boletim Focus,
do Banco Central (9,05% nas ultimas atualizações) e vai continuar subindo.
Com
5 dias para o final do mês, o aumento vai refletir na taxa de inflação de
outubro e na de novembro, que não devem ficar próximas de 1%, cada uma.
É
curioso que, ontem, Paulo Guedes, o morto-vivo, voltou a dizer que a economia “está voando”. Nos preços,
ministro, nos preços.
Tijolaço.
0 comments:
Postar um comentário