Diz
a Folha que Jair Bolsonaro faz ofensiva para reforçar laços com evangélicos
e ruralistas de olho na reeleição.
Má
estratégia, porque se trata – perdão pelo mau uso de palavras tão elevadas – de
“pregar para convertidos”, pois visa dois setores onde, mal e mal, o atual
presidente já tem apoio, ainda que minguante entre os evangélicos, tamanho o
horror que seus apelos e seus métodos provocam em pessoas com valores
espirituais, ainda que não seja o caso de alguns de seus líderes.
E
isso sai caro, porque a radicalização agroevangélica de Bolsonaro
implica em tomadas de posição que afasta muitos mais do que podem atrair.
O
agronegócio é muito menor do que aparenta com suas picapes e chapelões. Isso é
uma classe média que orbita o verdadeiro negócio, que está enfrentando problemas
causados pelo memsmo fator que o faz prosperar: o comércio exterior.
Já
se abordou aqui o encarecimento dos insumos agrícolas: os fertilizantes são
importados, em dólar, as máquinas agrícolas subiram até 40% de preço, em função
de alta no aço e no dólar e a eletricidade e nos combustíveis pesou na conta
das lavouras que dependem de irrigação.
Não
parece haver terreno fértil para a ampliação da área plantada do bolsonarismo,
até porque há limites de quantidade populacional que a limita.
Entra
os evangélicos, segundo as pesquisas, Bolsonaro tem perto de 30% de apoio. Bem
menos que os 40% que chegou a ostentar, no início do governo mas, ainda assim,
um número expressivo.
Difícil,
entretanto, de subir, porque – apesar da grita de Silas Malafaia e outros pastores
– não se tem notícia de que essa perda tenha sido por uma defecção de seus
líderes, mas de seus fiéis, atingidos, como todos os outros brasileiros – pela
degradação da economia.
Ou
até mais, porque se sabe que o recorte das classes de menor renda entre os
evangélicos tende a ser mais forte que entre a população como um todo.
Bolsonaro
não está carente de declarações de amor a ruralistas e evangélicos, ao
contrário, ele as faz todo dia. Mas declaração de amor sem política de governo
não leva a lugar algum.
O
que o presidente não faz – alias, o que ele faz, além de provocações – não
substitui o que se espera(va) dele entre estes grupos.
Tijolaço.
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