Cancelado
meia hora antes de seu anúncio solene no Palácio do Planalto, o lançamento do
novo “Auxílio Brasil” foi deixado para não se sabe quando, embora tenha
provocado estragos no mercado financeiro: dólar a R$ 5,58 – depois de ter
alcançado os R$ 5,60 – e perda de mais de 3% na Bolsa de Valores, tudo foi
cancelado e adiado sine die.
A
conversa de que o adiamento deveu-se a dúvidas sobre como adequar a “furada do
teto de gasto” à Lei de Responsabilidade Fiscal é para boi dormir, porque o
programa poderia ter sido anunciado genericamente e esperar o detalhamento
legal, nos próximos dias.
A
provável razão é política, pois a equipe de Paulo Guedes é “tetista”, no
sentido de teto, fervorosa, como o chefe, com a diferença que ele é antes
tetista , no sentido de teta, acima de tudo.
Só
que faz tempo que os simulacros de política econômica saíram de suas mãos e ele
foi atropelado por um Centrão que fala a Bolsonaro que manter a teta
é mais importante que manter o teto e é exatamente isso que ele quer ouvir.
Já
Paulo Guedes prefere os autoenganos de dizer que “a economia está voando“, quando o que voa são a inflação e
o câmbio.
É
provável que logo saibamos dos bastidores desta crise que adiou os disparos das
bombas V-2 que Bolsonaro prepara para sua blitzkrieg eleitoral. Como
a equipe da Economia está louca para sair como “mártires da economia de
mercado” degolados pela demagogia de Bolsonaro – há uma boa acolhida para todos
eles no mercado financeiro – do que ficarem como cúmplices do desastre da
incompetência deste governo, é provável que logo tenhamos inconfidências.
Já
corre que o secretário especial do Tesouro, Bruno Funchal. já teria comunicado
Guedes de que não aceita qualquer medida que libere de recursos driblando o
teto de gastos, e certamente há outros que analisam o que será para suas
carreiras ficarem como coveiros do teto de gastos.
O
estrago, porém, já foi feito no mercado, que, mesmo depois do adiamento, quase
nada recuou nos seus índices catastróficos. Não são bobos e sabem que Bolsonaro
não pode recuar de seu número cabalístico de 400 reais. E que, para resistirem
à pressão para que este valor seja ainda maior e chegue a mais pessoas, terá de
brindar os deputados e senadores com mais emendas, para as quais não há
dinheiro no Orçamento.
O Centrão,
pela boca de Ciro Nogueira, já garantiu que o dinheiro será fora do teto e o
mercado sabe que ele manda mais do que Guedes.
Mas
calma que ainda não é tudo: há o embrulho dos combustíveis, no qual a Petrobras
já acena com falta de abastecimento, os caminhoneiros prometem uma greve em que
ninguém acredita para o dia 1°, e Bolonaro prometendo “resolver” o problema do
diesel até o final da semana.
Tijolaço.
0 comments:
Postar um comentário