Não
é o fim das investigações, como canta o chororô das viúvas de Sérgio
Moro, porque elas seguem com os mesmos promotores.
Mas
o início do fim de uma ‘franquia’, nascida em Curitiba, que passou a designar a
atuação do Ministério Público e do Judiciário na contramão do “não haverá juízo
ou tribunal de exceção” inscrito no Art 5º, inciso XXXVI da Constituição
Federal.
Isso
quer dizer que não se julgará – e nem se processará exclusivamente com um grupo
de procuradores – possíveis crimes em razão da natureza de seus supostos
autores.
Esta
é a raiz de tudo o que aconteceu nos últimos sete anos.
Um
diretor corrupto da Petrobras – Paulo Roberto Costa – operando através de um
informante de Sérgio Moro, Alberto Youssef, libertado por ele em troca de
delações no caso do Banestado, e seu ex-sócio, o deputado federal José Janene –
daria início a um processo que, desde o início, tinha alvos definidos: o
governo, o PT e o grande prêmio, o ex-presidente Lula.
Claro:
em governo algum – naquele, neste e em outros, por toda a parte do mundo, não
hão de faltar corruptos, gente que encara a função pública como um bilhete
premiado de uma loteria secreta. E corrupção de todos os tipos, porque muitas
vezes ela é indireta, vem das vantagens políticas e econômicas que lhe dá
exercer cargos com notoriedade.
O
tribunal de Curitiba, chamando a si tudo o que dizia ter respeito à Petrobras
deu origem a inacreditável frase de um dos procuradores, nas mensagens agora
reveladas: “Se o avião usou combustível da Petrobras [o caso] é nosso!”, na
falta de competência para investigar informações oferecidas pelo próprio Moro
que seriam “a pá de cal no 9”. O 9 – o “Nine”ou 9 dedos, como se referiam a
Lula.
O
nome Lava Jato se tornou símbolo de um processo político que nos levaria a
Temer e, depois a Bolsonaro. Mas a ambição pessoal que movia Sergio Moro acabou
sendo o veneno que o mataria, deixando viva e ameaçadora a sua criatura, Jair
Bolsonaro, com seus 28 anos de inserção nos ambientes mais corrompidos e
desclassificados da política e do Congresso.
Repita-se,
foi no útero do ódio político que se gestou o Frankenstein que nos preside, mas
não contava que este fosse voltar-se contra ele para ser o único dono da
histeria e do fanatismo.
Este
útero foi a Globo e foi lá que o embrião inseminado por Moro cresceu e pariu-se
nas eleições de 2018.
Nem
o Império dos Marinho, nem o ex-juiz decaído podem, porém, confessar que ele é
seu fruto.
Agora,
e nisto o chororô está certo, a Lava Jato judicial está morta e
precisa ter, como diria a turma do Deltan, a sua “pá de cal” com a declaração
judicial da suspeição de Moro.
Este
será o primeiro passo para que nos livremos da histeria irracional que a
defunta deixa como espólio e que vai exigir-nos muita dor para dissipar.
Tijolaço.
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