Os
39 kg de cocaína apreendidas com militar da FAB preso na Espanha, em junho de
2019 - Foto: Guarda Civil de Sevilla.
O
caso do avião da FAB apreendido com 39 kg de cocaína na Espanha, que integrava
comitiva presidencial e que deveria estar aos olhos da Abin (Associação
Brasileira de Inteligência) e do próprio GSI (Gabinete de Segurança
Institucional), caminha a passos lentos.
A
investigação começou em janeiro do ano passado e a última movimentação ocorreu
em agosto, informou Andreia
Sadi, em sua coluna para o G1. Após quase 6 meses, a apuração segue
paralisada por um embate entre a Justiça, o Ministério Público Militar e os
advogados.
Segundo
a reportagem de Sadi, a Justiça Militar ouviu, até agora, 37 pessoas no
inquérito sobre o tráfico por um sargento do Gabinete de Segurança
Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, Manoel Silva Rodrigues, que foi preso
na Espanha, em junho de 2019.
Os
membros da FAB participaram tanto da Operação deflagrada nesta terça (02),
quanto do andamento da apuração na Justiça. Um dos alvos ontem, o tenente
coronel Piovesan de testemunha passou a ser também investigado.
Segundo
a colunista, com todo o material coletado, os depoimentos e a investigação já
escancaram “várias falhas na fiscalização e no controle de bagagens”, mas até
agora nenhum militar de alta patente foi responsabilizado.
O
coronel Piovesan, por exemplo, chegou a ser investigado, mas ao apresentar a
denúncia, o Ministério público pediu o arquivamento da apuração contra ele,
sendo somente exonerado do GSI. Para a Polícia Federal, contudo, ele segue
suspeito. Ainda, para as autoridades, é claro o vínculo do sargento preso na
Espanha, Manoel, com Piovesan.
Uma
das testemunhas ouvidas chegou a afirmar que o sargento Manoel era amigo do
tenente e que acreditava que ele entregava os briefings [informações prévias ao
voo] “sobre inteligência”, com “as vulnerabilidades dos destinos dos voos,
inclusive sobre drogas”.
Enquanto
isso, Piovesan afirma ser inocente e que sua “função na Presidência da
República era institucional e não política” e que cumpria a função desde o
governo de Michel Temer.
Outra
testemunha disse ser responsabilidade de “alguém da Presidência” dentro do GSI
ter que conferir o peso das bagagens.
A
colunista cita, ainda, que as testemunhas relatam ter sido uma “bagunça” o
embarque de tal viagem e que as investigações internas da FAB, “ao que se tem
notícia”, não responsabilizaram nenhum militar de alta patente pelas falhas
administrativas.
Um
celular Iphone apreendido com o sargento Manoel até agora não foi enviado ao
Brasil, ainda que já passado mais de um ano e meio do caso. O sargento, por sua
vez, pouco informou sobre o que sabe do tráfico.
E
a GSI afirma “não ter qualquer participação no fato investigado, não ter sido o
responsável pela instauração e, muito menos, pela condução do inquérito sobre o
tema.”
GGN.
0 comments:
Postar um comentário