Se
não bastassem todas as revelações estarrecedoras feitas sobre a Lava Jato,
hoje, em declarações publicada pelo O Globo, o procurador geral da República, Augusto Aras, faz
mais uma, inacreditável: as despesas dos grupos de procuradores que integram as
“forças-tarefa” da PGR são registradas no CPF dele próprio, como se fossem
gastos privados, particulares (*).
Quer
dizer: as forças-tarefa não têm existência legal, são arranjos administrativos
sem qualquer formalidade, como exige a Constituição.
Pior:
os procuradores nem mesmo querem prestar contas de diárias e de passagens pagas
para eles com dinheiro público:
(…)
o TCU está cobrando do PGR saber quanto de diária recebeu cada membro das
forças-tarefas nos últimos dez anos, quanto de gratificação, quanto de viagem
nacional e internacional, quanto foi arrecadado por meios das forças-tarefas,
quando foi destinado para a União. E já temos colegas resistindo em prestar
informações ao Tribunal de Contas da União com a explicação de que o Ministério
Público não deve dar satisfação.
Como
é? Os homens que suspeitam de tudo, para quem todo servidor público
(especialmente os de esquerda) são ladrões até que provem o contrário, não
querem nem guardar o canhoto do bilhete aéreo com que viajaram na conta da Viúva?
É
uma instituição que funciona assim que quer administrar bilhões de reais
obtidos indevidamente de acordos de leniência assinados com empresas acusadas
por eles próprios de desvios e de corrupção.
São
membros de uma casta de nobres, arrogante e todo-poderosa. A democracia os
pariu em 1988 e hoje, em seus bem cortados ternos, dedicam-se com denodo a
serem os intocáveis da República.
(*) após
a publicação deste post, O Globo “retificou” sua reportagem, dizendo que, a
rigor, as despesas das forças-tarefa são atribuídas ao Gabinete do Procurador
Geral, sem undade de gastos em separado, o que faria com que Augusto Aras
respondesse pessoalmente (“com o seu CPF”) por irregularidades na prestação de
contas.
Do Tijolaço.
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