"Ameaça
de deputado ao Supremo não foi um tresloucado gesto individual", escreve o
jornalista Rodrigo Vianna. "Daniel Silveira ataca o STF no momento em que
ministros da Corte Suprema enfrentam (tardiamente) o golpismo dos militares;
Bolsonaro acena aos generais e tenta manter reunidos os apoiadores mais
radicais de sua base social"
O
bolsonarismo, movimento de inspiração e traços fascistas, segue um padrão:
colocar-se sempre em movimento.
O
presidente e seus asseclas avançam sobre as instituições: já controlam o poder
Executivo, a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e agora acabam de
eleger aliados para presidir Câmara e Senado. Dos três poderes da República, só
o Judiciário mantém-se ainda relativamente imune.
As
alianças do bolsonarismo no Parlamento mostram a capacidade de Jair Bolsonaro
de fazer um discurso (falso) anti institucional e, ao mesmo tempo, conquistar
posições nas instituições - em parceria com setores da "velha
política" que ele antes fingia combater.
A
cada vez que ensaia esse tipo de aproximação, Bolsonaro colhe entre aliados
"liberais" a avaliação benevolente de que "agora entendeu",
e de que merece uma "segunda chance. A capa da revista Veja, os acenos do
mercado financeiro para Artur Lira e a acomodação de setores da direita
tradicional com o bolsonarismo indicam a incapacidade da elite
"tradicional" de enxergar o óbvio: Bolsonaro tem um projeto
autoritário e o fim último de seu projeto é a destruição do que resta de
Democracia.
Reparemos
também que há um outro padrão nas ações bolsonarescas. A cada vez que perde
apoio na população, ele radicaliza o discurso e incentiva o ataque. Finge
recuar, para logo em seguida atacar. Sem trégua nem limite.
Isso
já ocorrera em maio/junho de 2020, no início da pandemia. Àquela altura, com a
economia paralisada e com um discurso de "gripezinha" e "e
daí?" diante das mortes, Bolsonaro viu sua popularidade despencar. O
auxílio emergencial ainda não havia chegado para socorrê-lo...
Foi
naquele momento, temendo a derrocada, que o presidente incentivou manifestações
em defesa do Golpe. Sobrevoou de helicóptero a praça dos Três Poderes, andou a
cavalo pela Esplanada, foi a um ato em defesa do AI-5 em frente ao Comando do
Exército. Fez isso tudo para garantir que não perderia a fatia mais radical de
seus apoiadores: aqueles 20% do país que parecem apoiar um projeto autoritário,
aconteça o que acontecer.
Agora,
a estratégia se repete. Bolsonaro cai nas pesquisas, porque o auxílio
emergencial acabou e Guedes (com os bancos) chantageia milhões de brasileiros
às portas da fome: quer trocar a renovação da "ajuda" por mais cortes
e "sacrifícios".
O
novo auxílio deve ser implantado só em março, ou abril, mas só surtirá algum
efeito dois ou três meses depois. O primeiro semestre de 2021 será de uma árida
travessia para os brasileiros, e para o governo que se esfarela enquanto faltam
empregos, vacinas e até oxigênio.
O
que faz o bolsonarismo? Apela de novo para o toque de reunir extremista!
A
ação de Daniel Silveira, ao atacar e ameaçar o STF, não foi um gesto
tresloucado e desmedido, individual. Há método nisso. O mais perigoso: Silveira
(um bolsonarista extremado) ataca o STF no momento em que ministros da Corte
Suprema enfrentam (tardiamente) o golpismo dos generais.
É
evidente que Bolsonaro usa Daniel Silveira para dizer ao generalato: contem
conosco para enfrentar o STF.
Bolsonaro
usa também esses personagens (frágeis, recalcados, em busca de atenção - como
Sara Winter, ou o deputado quebrador de placa) para promover uma escalada
verbal que o ajuda a agrupar suas tropas mais extremistas.
Assim
como já fizera em 2020, o STF reagiu com a firmeza devida. Prendeu Silveira em
flagrante. Fica claro que o deputado desejava a prisão e cumpria uma missão:
gravou vídeo enquanto era preso, dobrando a aposta contra o STF, numa tática de
instigar os mais radicais do bolsonarismo.
A
tática é inteligente mas, a cada movimento desse tipo, o encanto se quebra na
base social que elegeu o capitão. Partes dos (ainda) apoiadores de Bolsonaro se
desprende. O presidente e seus asseclas têm uma margem limitada para acionar
esse dispositivo de "radicalizar pra manter as tropas reunidas". A
cada movimento, as tropas se tornam menores. E quanto menores, mais perigosas.
O
covarde Daniel Silveira já quebrou a placa de Marielle em 2018; em 2021, achou
que tinha forças para quebrar a ordem democrática. Mas sua ação pode ter
ajudado a desenhar mais uma rachadura no muro bolsonarista, que precisa ser
golpeado várias vezes para ser enfim derrubado em 2022 - ou, se possível, antes
disso.
É
fundamental resistir aos arroubos e ameaças, punir os extremistas e isolar o
bolsonarismo. Mas é preciso entender que Jair não age sozinho. O troglodita
Daniel Silveira é um sinal da aliança que o capitão busca reforçar com os
generais. O governo é cada vez mais um governo militar.
247.
Essa é a marca e a cara do bolsonarismo, governo fascista que por meio de um golpe parlamentar chegou ao poder.
ResponderExcluirSão figuras como essa que, ao lado de outros extremistas, compõem a horda bolsonarista, conhecidos popularmente como gado.
Em 2022, será exterminado nas urnas esse monstro que tomou forma e ganhou corpo em nosso país e que se chama: FASCISMO !
Fascistas são, via de regra, criaturas hostis por natureza e extremistas por opção.
São, em geral, escravos das classes políticas conservadoras e por estas manipulados como marionetes para disseminaram o ódio contra as forças progressistas do país, na tentativa de impor pela tática do terror a agenda política e econômica da direita radical.
Essa gente cultora do ódio, da tirania e da barbárie mais se assemelha a criaturas selváticas, que no seio de uma sociedade civilizada para nada servem, senão para disseminar o ódio e poluir o mundo, movidos por concepções retrógradas e rancor.