Os
brasileiros poderiam copiar e admitir que copiam o que uruguaios e argentinos
fazem com criatividade para lembrar sempre, mesmo em meio a uma pandemia, que
um dia foram submetidos a ditaduras.
Hoje,
é o Dia do Silêncio no Uruguai, e daqui a pouco as pessoas sairiam às ruas de
Montevidéu carregando retratos de assassinados pelos ditadores e que são
considerados até hoje como ‘desaparecidos’.
Com
a clausura, que impede a realização da passeata, disseminou-se pelo país o Dia
do Silêncio virtual. Na semana passada, o semanário Brecha antecipou a marcha e
colocou em sua capa as fotos das vítimas dos militares.
Hoje,
o Plenário Intersindical de Trabalhadores-Convenção Nacional dos Trabalhadores
(PIT-CNT), que vem a ser a central sindical deles, divulgou essa imagem
poderosa, que está na capa do jornal La Diária.
A
central colocou sobre as cadeiras, no auditório da sua sede, os retratos de 197
desaparecidos, mostrados por familiares, com a frase ao fundo que exalta:
memória, verdade e justiça.
É
dali da sede da PIT-CNT que saem muitos dos que participam da Marcha do
Silêncio todos os dias 20 de maio. Em 1973, a ditadura prendeu e sumiu com 18
líderes sindicais, que nunca mais foram localizados.
Hoje,
no centro de Montevidéu, uma área teve o asfalto pintado com marcas de pés no
chão, para mostrar que, mesmo simbolicamente, a marcha acontecerá agora à noite.
Ao fundo, dependurados num varal, aparecem retratos de desaparecidos.
Parques
e praças foram ornamentados com margaridas de papel. Os uruguaios não saem
atrás de pretextos para não fazer o que fazem há 25 anos.
E
no Brasil? Aqui, nós debatemos a ocupação do Ministério da Saúde por uma tropa
de choque do Exército.
Do DCM
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