Não
surpreende ler na Folha que Jair Bolsonaro pode demorar para escolher novo ministro da Saúde.
A
aposta do presidente é muito diferente de agir para minimizar os danos humanos
da pandemia. Ao contrário, ele espera que o desastre humanitário não apenas
desmoralize os governos que adotam medidas restritivas, como desencadeie um
processo de sofrimento e convulsão social que ampare a tomada de medidas de
força.
Sobre
as ações de saúde, basta-lhe continuar a agitação da pantomima da cloroquina,
como a dizer que são os médicos e os governadores que não querem dar ao povo a
cura que o presidente promete, embora já não haja ninguém sério que creia que
seja.
Aliás,
é difícil para qualquer pessoa mentalmente equilibrada entender o pensamento do
ex-capitão, mas todos os fatos concretos mostram que é assim a sua conduta.
Quanto
mais o país afundar, mas sentirá como positivo o pequeno alívio da “retomada”,
ainda que ela seja pequena, quase inexpressiva, como o alívio de quem tira
apenas uma volta do torniquete que o garroteia.
Além
do mais, ele conta com a tibieza das reações do Legislativo e do Judiciário –
mais o primeiro que o segundo – para que possa seguir, com uma legião de zumbis
humanos e robôs virtuais, a se imporem sobre um povo entocado, impedido de ir
além das inócuas panelas na janela.
A
“arminha” do ex-capitão é aquilo a que ficaram reduzidas as Forças Armadas,
comandadas de fato por uma turma de generais provectos e desavergonhados, que
trocam sua honra pela proximidade do poder e pela garantia de que o país não se
erguerá.
Do
Tijolaço
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