Estamos
a poucas semanas – quem sabe menos que isso – de um ponto de ruptura da crise
institucional em que está mergulhado o Brasil de Jair Bolsonaro.
Talvez
não seja o único deste processo, mas acontecerá, inapelavelmente.
Bolsonaro
só permanecerá no governo pela via de um golpe – cuja profundidade não se pode
prever – que será o início da ladeira para a implantação de uma ditadura.
É
esta a disposição, agora já nem tão escondida do grupo de generais palacianos,
que juga-se no direito de usurpar o comando de fato das Forças Armadas, não se
sabe com que grau de anuência dos seus comandantes de direito.
A
declaração de Jair Bolsonaro de que tem um “sistema particular de informações”,
com ligação direta com as estruturas policiais e militares é um sinal explícito
do que já muitos militares sabem: Bolsonaro tem mais apoio na tropa e na baixa
oficialidade do que entre os oficiais generais, por mais que entre estes lhe
tenham tido simpatia eleitoral.
São
eles, porém, o fiel da balança num momento em que a sociedade civil está
acoelhada, quarentenada e, sobretudo, desorganizada politicamente depois que
o lavajatismo a destruiu e bateu palmas para o atual maluco dançar,
pisoteando a eles próprios.
Falta-lhes,
entretanto, não só uma liderança política – o general Heleno é um nanogorila evidentemente
desqualificado para isso e lhes falta um programa econômico, o que se
evidenciou nas falas primárias de Paulo Guedes, nas quais “vender logo essa
porra” e abrir hotéis cassinos.
De
outro lado, uma solução de “queda” de Bolsonaro também parece não se afigurar
como alternativa para este núcleo militar, que se formou sem num ter como um
dos centros o general vice-presidente Hamilton Mourão, que o substituiria sem,
é claro, apoio político, sem o quisto de apoio popular que remanesce com
Bolsonaro e sem, como se observou, liderança militar.
Como
isso vai terminar é imaginação além da possível a quem trabalhe com informações
que moldem o provável e com imaginação que fuja do implausível, do qual estamos
mais perto do que de qualquer solução racional.
Mas
quase se pode pegar no ar, de tão sólida, a iminência de uma ruptura, porque
chegamos a um ponto do qual não há retorno no confronto entre os poderes da
República.
Tanto
quando se pode prever que esta ruptura, alguns passos mais à frente terá que se
ver com o ator ausente deste ato da peça tragicômica que se encena aqui: as
ruas.
O
Exército, como ente líder das Forças Armadas, tem de si uma compreensão como
instituição permanente, talvez ainda haja, entre as tresloucadas cabeças
generais alguma lucidez para entender que a história de pacificação impune com
que se saiu da ditadura de 64 dificilmente se reproduzirá na nossa inevitável
volta à normalidade democrática.
Logo
ali.
Do
Tijolaço
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