domingo, 14 de fevereiro de 2021

NA VALA DE MORO, VOLVER!; POR FERNANDO BRITO

Durante muito tempo “analista militar ” da Folha de S. Paulo, Igor Gielow é dos repórteres do jornal paulista que mais acessos e fontes tem nas Forças Armadas. A sua narrativa, hoje, sobre os bastidores da conspiração militar do então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas – a expressão não é apenas minha, mas também da insuspeita Miriam Leitão, hoje, em sua coluna “Três generais e uma desonra” – é parte da conclusão aterradora de que tivemos – e será que ainda temos? – um “Partido dos Generais”, disposto a reuniões secretas de seu “Comitê Central” para decidir apenas entre eles quais são os rumos que o país pode tomar.

Está claríssimo que o “Partido dos Generais” tomou Jair Bolsonaro como sua montaria para alcançar o poder no país, , certamente sem contrar que ele próprio, encilhado pela disciplina e obediência que traíram antes, a servirem de cavalgadura ao ex-capitão e, com isso, colocariam a Força Terrestre a patear na lama em que estamos metidos.

Recorro, outra vez, à absolutamente antilulista Miriam Leitão que, ao falar dos três desastrosos “Eduardos” do Exército – o Villas Bôas, o Luiz Eduardo Ramos e o Pazuello- diz que eles “ajudaram, com vários outros, a construir uma desonra para a instituição, apoiam o governo que tira dos militares a exclusividade em armas pesadas, que podem estar sendo usadas na formação de milícias de extrema-direita como as dos Estados Unidos. Mostraram ao país que topam tudo pelo poder.”

E topam articuladamente, porque ficou claro que não houve um desbordamento pessoal de Eduardo Villas Boas – com o tal segredo que Bolsonaro, a ele, disse publicamente que “morrerá conosco”.

O que se passou na cúpula militar é, em tudo, uma cópia fardada do que aconteceu na Lava Jato e que, agora, se sabe.

E o destino desta camada de militares, que se uniram a um – a expressão é de Ernesto Geisel – um “mau militar” vai, infelizmente, se refletir no apequenamento do Exército Brasileiro, que terá de ser “enquadrado” à democracia, a não ser que esteja disposto a virar força auxiliar das milícias.

Quem leva o Exército Brasileiro para a lama deve ir para lá em seu lugar.

Tijolaço.

Um comentário:

  1. Fazer o que o gen. Villas Boas e seus pares fizeram, ameaçando o STF às vésperas do julgamento do habeas corpus do Lula, com o fim de impedir a liberdade e a candidatura do ex-presidente – repita-se -, fazer isso que o Alto Comando do Exército fez tem nome: chama-se conspiração !

    Conspiração contra o Estado democrático de direito e atentado contra a Constituição Federal.

    Um exército que age dessa forma não merece o meu respeito, tampouco da sociedade

    Que glória pode ter um exército que atenta contra seu próprio povo, mas é incapaz de defender a soberania do país, constantemente ameaçada por interesses estrangeiros?!!

    Que honra podem generais que esbravejam contra jornalistas e ameaçam ministros do STF, mas vivem de joelhos, passivos, submissos e dóceis diante do exército norte-americano ?!!

    General Villas Bôas e seus pares deveriam dar graças a Deus por terem nascido aqui no Brasil, e não na China, Irã ou Japão, pois lá, ao contrário daqui, já teriam sido condenados à pena de morte por fuzilamento em praça pública há muito tempo.

    É dessa forma que se pune conspiradores por lá !!

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