O Estadão,
para velhas gerações de jornalistas, era o “vetusto jornal” paulistano, sobre o
qual de duas coisas se tinha certeza: a fleuma e o conservadorismo inabaláveis.
Afaste-se,
por isso, qualquer suspeita de sensacionalismo da capa de hoje, onde o
‘COLAPSO’ em maiúsculas dimensiona graficamente o que se quer apresentar ao
leitor.
Não
se trata, portanto, de sensacionalismo ou – impensável ali – alarmismo
esquerdista contra o Governo.
HÁ
UM COLAPSO NACIONAL.
Mas
é, ou deveria ser, alarme, pois o perigo – literal, vital – está por toda a
parte e exige dos meios de comunicação que cumpram seu papel de gritar à
população que a morte escapou de controle e o governo brasileiro só tem a
oferecer o espetáculo dantesco de milhares morrendo enquanto um mau militar,
estufado de vaidade e grosseria, desfila sua inutilidade apenas para
“enquadrar” o sucessor – o miniministro Queiroga – na posição de seu
“terceirizado”.
Porque
só o silêncio e a afetada “neutralidade” que alguns fazem questão de manter
podem dar sustentação à crueldade que tomou o comando do país.
O
Brasil deliberadamente está sendo entregue a um morticínio e – é preciso que se
diga com todas as letras – por dinheiro.
Não
é “o pai de família ter um pão para levar para o filho”, como estes miseráveis
alegam. Se é, porque o auxílio aos mais pobres, que todos sabiam desde o final
do ano continuar a ser necessário, até agora nem sequer tem a regulamentação
para ser pago?
É
pouco, desgraçadamente pouco, mas é este pão, pelo qual o pai de família não
pode por necessitar ser levado à morte asfixiante.
Há
um genocídio e há genocidas, portanto e são os homens do “dinheiro uber alles“,
aqueles para os quais o país é só e apenas fonte de enriquecimento.
Estão
matando o povo que é a galinha dos ovos de seu ouro, a fonte de sua riqueza e
contam com duas forças para isso: o Exército e o Mercado.
Este
governo não se sustenta se os dois sinalizarem que não apoiarão mais a
mortandade.
Se
não sinalizam, tornaram-se cúmplices do monstro e suas falanges.
Tijolaço.
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