Perdoem-me
pela crueza os arrependidos, os que “não sabiam” que Jair Bolsonaro é um
fascista, um autoritário e alguém que cuida do poder como de uma empresa
familiar, se há algo que não se pode dizer do atual ocupante do Planalto é que
ele deixa bem claro o que é e o que quer.
Pouca
gente deu a devida importância quando, dias atrás, falando às suas falanges de
fanáticos, referiu-se
a “seu” Exército.
Pois
é esta ideia de instrumento pessoal de poder que Bolsonaro tem das Forças
Armadas, não a de serem “instituições de Estado”, como frisou ontem em seu
“bilhete de despedida” o agora ex-ministro da Defesa, general Fernando Azevedo
e Silva.
Igor
Gielow, repórter da Folha com amplo convívio com os militares, diz que os
comandantes do Exército, Marinha e da Aeronáutica já “colocaram seus cargos à
disposição” do general Braga Netto, um militar cuja carreira “disparou” quando
foi escolhido por Sérgio Etchegoyen, chefe do GSI de Michel Temer e pelo
comandante do Exército, então, Eduardo Villas-Bôas.
Diz
Igor que Braga Netto estaria disposto a manter, ao menos provisoriamente, os
comandantes da Marinha e da Aeronáutica, deixando alfange apenas para o
comandante do Exército, general Edson Pujol, que está em desgraça com Bolsonaro
por, exatamente, recusar que o Exército funcione como a mão armada do
Presidente da República.
Braga
Netto, é claro, conhece estes planos. E, das duas uma: ou concorda com eles ou,
esperto, quer surfar nos desejos do capitão para completar, como Ministro da
Defesa, a sua meteórica ascensão no poder.
Não
está assumindo – e isso é claro – para manter a (curta) distância que Azevedo e
Pujol, a duras penas e dolorosas concessões, tentaram manter dos planos de uso
das Forças Armadas como o “Exército de Bolsonaro”, com o evidente propósito de
fazê-lo ferramenta para evitar as medidas sanitárias que os já quase 320 mil
mortos exigem do país.
É
possível que muitos oficiais das nossas Forças Armadas não percebam, mas está
em curso – e faz tempo – a associação dos militares ao genocídio em curso no
país. Muitos, mas não todos, até porque são pessoas capazes de imaginar o que
sobre isso se escreverá nas páginas da História.
Porque
o exército, imenso, enorme, apavorante que tem este país são as centenas de
milhares de brasileiros e brasileiras que caíram e estão caindo diante dos que
juraram defendê-los e que não têm a coragem de dizer que se recusam a
participar disso.
Tijolaço.
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