Não
é “alarmismo”. É só aritmética e encarar os fatos sem a tentação da “esperança
imotivada” que a todos nos faz “torcer” por soluções espontâneas.
Tivemos mais
3.500 mortes de ontem para hoje, o que levou a média semanal para 2.543 por
dia.
Ainda
que não suba mais – e vai subir, ao menos nos próximos dias – basta “manter
isso aí” e teremos 397 mil mortes no último dia de abril.
400
mil mortes, portanto.
Se
é alarmismo, alarmista em boa companhia, a do médico Dráuzio Varella, que
escreve na Folha:
Os médicos, os
sanitaristas e os epidemiologistas que alertavam para as dimensões da tragédia
em gestação eram considerados alarmistas e defensores de interesses políticos
escusos.
Deu no que deu: 300 mil mortos, hospitais com UTIs sem leitos para oferecer aos
doentes graves, milhares de pacientes morrendo à espera de uma vaga.
O que acontecerá nas próximas semanas? Chegaremos a 400 mil mortes?
Sim,
chegaremos.
É
por isso que o moderadíssimo médico, não hesita em dizer que é “deprimente ver
os malabarismos circenses do novo ministro da Saúde, ao justificar que ficava a
critério da liberdade milenar do médico prescrever o tratamento precoce com
drogas inúteis.
Como assim,
ministro? Enquanto a medicina foi praticada como o senhor defende, os colegas
que me antecederam receitavam sangrias e sanguessugas. Finalmente, sob pressão,
o presidente convocou os três Poderes para um convescote político, com o
pretexto de criar um comitê para gerir a crise sanitária. Incrível, não?
Imaginar que uma equipe comandada por ele será capaz de nos tirar dessa
situação é acreditar que mulher casada com padre vira mula sem cabeça.
Os
“lockferiados” adotados por quem não tem coragem de adotar “lockdown” estão
mostrando seus resultado nos engarrafamentos-monstro em busca das cidades de
veraneio.
Dráuzio
Varela diz que “só
podemos contar com nós mesmos” diante de uma pandemia que “saiu de
controle”.
Desculpe,
doutor, mas não foi a pandemia que saiu de controle, foi o negacionismo e o
individualismo que há anos é incutido mas pessoas que levaram à perda de
controle da pandemia.
Somos
um país prostrado, onde são poucos – e malditos – os líderes que têm coragem de
dizer que devemos nos proteger do bombardeio, para vencer uma batalha.
Tijolaço.
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