Peça
1 – Michel Temer, presidente que mente
Michel
Temer mente tão desbragadamente, que transforma em pecado capital até mentiras
desnecessárias.
Para
pegá-lo em mentiras, não há necessidade de engenho, nem de arte. Basta apontar
uma suspeita, esperar o desmentido e apresentar a prova ou testemunho.
Confira
no que ele transformou um episódio de carona em jatinho:
1.
Informa-se que ele e família viajaram para Comandatuba no jatinho da JBS,
quando já era vice-presidente. Uma falta média.
2.
O Palácio nega qualquer viagem. Sustenta que a única viagem na época foi em
avião da FAB. Apresentado o plano de vôo da aeronave, volta atrás. Foi a
primeira mentira.
3.
Admite, então, que voou, mas sem saber o nome do dono do avião. Além de
mentiroso, revela-se tolo.
4.
Em sua delação, Joesley Batista contou que Marcela Temer foi recebida com
flores despertando ciúmes em Temer. Para aplacar a ira de Otelo, o comandante
informou que foi presente da mãe de Joesley. Temer telefonou então para a
matriarca para agradecer. Passou por duplamente mentiroso e duplamente tolo.
Peça
2 – os tsunamis pela frente
Tudo
isso acontece antes da delação de Rodrigo Loures Júnior, do doleiro Lúcio
Funaro e provavelmente de Eduardo Cunha, antes de se saber mais detalhes das
delações não divulgadas da JBS e antes do STF (Supremo Tribunal Federal) julgar
a nomeação de Moreira Franco e, derrubando-a, se tornar mais um candidato à
Papuda. Sem contar a delação de Antonio Pallocci, que poderá provocar um
furacão no sistema financeiro.
Quem
aposta que Michel Temer ficará até o fim do interinato? Ninguém. Sua frase
altissonante - "só se me matarem" - é ridícula. Basta mostrar que é
desonesto e que mente.
O
governo tem reagido com um festival de factoides. Ontem, mesmo, fontes do Palácio
acionaram seus jornalistas para espalhar que Rodrigo Janot tinha pedido
autorização para colocar escuta ambiental no Palácio. O factoide não durou uma
hora. Passou por dois repórteres oficialescos e se perdeu nas brumas da
fantasia.
É
questão de tempo para o Procurador Geral da República (PGR) Rodrigo Janot
denunciar Michel Temer. Aí a bola passa para o Congresso, que precisa autorizar
por 2/3.
Parte
do Congresso foi comprada pela camarilha de Temer. São deputados montados em
aparelhamento de cargos públicos, em negócios com leis, à luz do dia, e com a
cabeça a prêmio se perderem o poder.
Como
será resolvido o impasse? O STF (Supremo Tribunal Federal) vai enfrentar? O
Congresso vai reagir?
Peça
3 – as vozes dos quartéis
Vive-se
um quadro de ampla desordem institucional, um tiroteio sem fim entre o
Executivo, Congresso, Ministério Público, Supremo, Tribunal Superior Eleitoral,
acirrado pela reforma trabalhista e da Previdência. Externamente, uma
indignação popular que se alastra, que já resultou em uma greve geral,
resultará em outra.
A
grande incógnita é como o único poder silencioso – o militar – se manifestará.
No
comando das Forças Armadas se tem um militar legalista, o general Eduardo
Villas Boas. No Gabinete de Segurança Institucional outro nem tanto, o general
Sérgio Etchegoyen.
As
discussões políticas internas, que se consegue acompanhar em alguns sites
especializados, mostram dois temas bastante sensíveis à corporação: a corrupção
e os resquícios da guerra fria.
Recentemente,
foi divulgada a reunião do Comandante do Exército com representantes de alas
político-militares, os generais da reserva Alberto Cardoso, ligado ao
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Augusto Heleno, que sempre defendeu
protagonismo maior das Forças Armadas, Bolívar Goellner, ligado a Etchegoyen e
o general de divisão Rocha Paiva, teórico militar.
Os
conceitos de "guerra híbrida” já foram assimilados pelos estrategistas
militares. Sabe-se que há movimentos internacionais que, através de redes
sociais, provocam burburinhos populares, as chamadas primaveras, e que por trás
há posições nitidamente antinacionais, interessadas no pré-sal, na derrocada
das empresas brasileiras, na venda das terras a estrangeiros.
Os
diagnósticos divergem quanto às motivações.
Parte
dos analistas entende se tratar de movimentos conduzidos por grandes
corporações e governos estrangeiros ligados ao grande capital. Parte vê traços
da influência russa e dos chamados países bolivarianos.
Em
uma dessas análises, o observador juntava os quebra-paus em Brasília com as
denúncias aos organismos internacionais de direitos humanos e a supostas
ofensivas diplomáticas de vizinhos bolivarianos. Dizia que 24 de maio marcou
oficialmente o início da guerra híbrida.
Nota-se
que ao pouco conhecimento que o mundo externo tem da corporação militar,
corresponde o pouco conhecimento da corporação sobre o mundo externo.
De
todo modo, é esse tipo de sentimento que explica a ideia fixa do ex-chanceler
José Serra e de seu alter ego Aloysio Nunes Ferreira, de insistir na guerra
diplomática com a Venezuela.
Não
se trata meramente de condenar o governo venezuelano, mas de conduzir uma
cruzada, transformar em tema único da diplomacia brasileira. Em parte, se
explica pela absoluta carência de conhecimento e de projeto diplomático. Mas,
seguramente, o que mais pesa é a tentativa de se aproximar de segmentos
militares anti-bolivarianistas.
Ao
estimular a Lava Jato, foram devorados pelas investigações. Mas a síndrome do
escorpião não os abandona.
Ainda
há carência de informações para um diagnóstico mais preciso sobre os rumos dos
ventos na caserna. Mas, como em política não existe o vácuo, não custa prestar
atenção.
Do GGN
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