Inovador
e criativo o pároco atual da paróquia de Santana de Buriti, neste novenário de
Santana fora de época por causa da pandemia da Covid - 19, institui uma honraria aos benfeitores da Igreja
buritiense, hoje foi homenageada com uma placa, a renomada costureira Maria das
Neves do Nascimento, conhecida também por Nevinha ou Neve Piauí.
MARIA DAS NEVES DO NASCIMENTO
Maria das Neves do Nascimento, conhecida
popularmente por Neves Piauí ou Nevinha pelos mais íntimos, nasceu a 05 de maio
de 1938, na localidade Riacho Grande no município de Buriti-MA, filha do casal
de agricultores, João de Sousa Lima apelidado
de João Piauí e Raimunda Rosa do Nascimento, a Raimunda Piauí (parteira de mão
cheia), de quem Maria das Neves herdou também o apelido. Apesar da alcunha, o
casal não era piauiense, e sim migrantes do Ceará, de onde saíram fugindo da
seca Nordestina, que à época castigava seriamente aquele Estado.
Maria das Neves muito curiosa, desde
pequena ouvia sempre seus pais dizerem, que antes de chegarem ao Riacho Grande
peregrinaram por muitos outros lugares, saindo do Ceará passaram uma temporada
no norte do Piauí nos municípios de Porto e Miguel Alves-PI, só posteriormente
atravessaram o Rio Parnaíba, aportando definitivamente no Estado do Maranhão,
mais precisamente no município de Burti, onde primeiramente moraram nas localidades,
Santa Cruz, Cabeça do Cavalo para só depois chegarem ao Povoado Riacho Grande, onde a menina Maria
das Neves veio ao mundo, local em que
seus pais baixaram a âncora de vez, ali criaram seus filhos e faleceram
bem velhinhos.
Maria das Neves é a mais nova de uma prole
numerosa do casal Piauí, eram dezesseis irmãos, sendo que seis deles não
chegaram a vida adulta. Maria uma menina espirituosa, quando criança sua
ocupação era ir para escola do temido professor Inedino com sua palmatória
sempre a vista da meninada, por quem foi alfabetizada e nos momentos de folga,
mesmo sendo a caçula de todos ia para roça junto com os outros irmãos ajudar os
pais na labuta diária. Só muito mais tarde por causa das dificuldades e a falta
de escolas próximas de sua casa pode retorna a estudos, cursou até 5ª séria
primária na Escola Inácia Vaz na
época com dezenove anos.
Nevinha ainda muito novinha por volta dos
10 anos de idade, já sabia o que queria fazer na vida adulta, pois se encantava
com os detalhes das roupas confeccionadas por sua irmã mais velha, a Maria do
Nascimento Lima, cognominada também de Maria Piauí, uma exímia costureira que
era, um luxo, ter uma irmã versada nas costuras que lhe ensinava com maior
gosto, de modo que assim se inicia a profissão de costureira de Maria das
Neves, no que fora bem-sucedida por que fazia tudo com amor. O sucesso da mais
nova costureira do Riacho Grande se espalha pela vizinhança ganhado toda
redondeza.
Em pouco tempo Maria das Neves se torna
famosa, passando a prestar seus relevantes serviços de costura para toda cidade
de Buriti, era uma das profissionais mais requisitadas pelas famílias
buritienses mais abastadas. Tais como os Costa através da Dona Chiquinha Costa, irmã do Pe. Júlio de Freitas Costa, pároco da Paróquia de Sant’Ana de Buriti
por muitos anos, assim como, para muitas outras mulheres da sociedade
buritiense, como Dona Arina de Melo, Mazé Ventura, Dra. Elza Magaldi, Dona
Fleuri Freitas, entre outras. Nevinha se torna uma artista completa, fazia de
tudo. As peças mais confeccionadas no seu ateliê eram roupas para festas de
batizados, formaturas, casamentos, aniversários, desfiles, fardamentos, bem
como, os paramentos para celebrações eucarísticas dos Padres e Coroinhas da
Igreja, entre outras.
A vida privada de Maria das Neves é de uma
guerreira, no final dos anos 60 casou-se com Antonio das Graças Teixeira, também
(alfaiate), filho de Antonio Teixeira Neto e Francisca das Chagas Teixeira,
morador do povoado Pé da Ladeira lugarejo vizinho ao Riacho Grande, desta união
constituíram uma família de 5 filhos e hoje Avó de 5 netos e bisavó de 2
bisnetos. Os costureiros continuaram costurando com toda desenvoltura, porém em
busca de melhores espaços, mudam-se para o povoado Varginha donde viveram por 7 longos anos, período em que paralelamente exerce as profissões de costureira e professora, e ele o marido a de alfaiate e
quitandeiro, sua nova experiência foi no Projeto João de Barro
de Alfabetização, que posteriormente passou a Movimento
Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), daí mudam-se novamente para o povoado
Joao Lobo, onde moraram por 3 anos, até meados de 1980.
Maria das Neves muda-se mais uma vez, sai
da zona rural e vai para a cidade, era dezembro de 1980, quando se estabeleceu
em Buriti, costurando e ministrando suas aulas a noite na Rua do Roçado, no bairro
Bacuri, continuou a sua tripla função, de costureira, professora e dona de
casa, no projeto João de Barro de Alfabetização, ficou até
final do ano de 1980. E assim continuou sua saga, mais tarde
fez o curso de Auxiliar de Enfermagem, e em 1982 passa a trabalhar como
enfermeira para o município, no Posto de Saúde da cidade, logo depois no
hospital Shimit Braz a principal casa de saúde de Buriti, nesta toada seguiu até o
ano de 1992, quando começou a ter problemas de saúde, seguramente por causa da
jornada exaustiva de trabalho, no que consegue se recuperar.
Com a idade chegando Maria das Neves
começa a sentir o peso dela nas costas, passou por vários momentos difíceis,
principalmente de saúde, mais sempre no batente, firme e forte, quantas e
quantas, noites passou acordada, rotineiramente saia do plantão as 18 horas, e
ao chegar em casa tinha outra jornada lhe esperando, a filharada para cuidar, com pouco tempo ou
quase nada para o descanso do corpo, bem como, o sustento da casa, pois
precisava costurar a noite toda, uma devido aos compromisso para entregar as
peças de roupas no prazo, a outra pela necessidade pecuniária mesmo, eram muitas
costuras, para noivas, casamentos que se realizavam na Igreja Matriz, peças
para batizados e tudo isso complementava renda e garantir o sustento da
família numerosa. Sofrendo como sofreu, mas sempre com um sorriso no rosto, e
nesta longa jornada se tornou uma pessoa muito conhecida e querida por todos da
cidade.
Ao aposentar-se apenas diminuiu o ritmo de
trabalho com as costuras, mas nuca deixou o ofício, hoje contando com 82 anos
de idade, a arte de costurar continua sendo uma das suas grandes paixões, por
causa da idade e com maior tempo livre ela passou a prestar serviços à
comunidade junto a igreja católica, trabalhou como ministra nas celebrações eucarísticas
até início da pandemia. Maria das Neves é uma grande guerreira, ela nunca se
deixa abater com as tais dores da idade, está sempre disposta a começar um novo
projeto, é ativa nos seus afazeres doméstico, nos compromissos a que se propõe a
ajudar. Maria das Neves ou Nevinha como queiram é uma empreendedora de sucesso,
uma mulher acima de tudo forte e batalhadora, vive a vida intensamente.
Este é um breve histórico de vida da DONA
NEVES, nesses seus 82 anos de dedicação à sua família, aos amigos e a
comunidade buritiense. Mesmo neste período de pandemia que se instalou em nosso
país e no mundo inteiro, não deixou as costuras de lado, fez as vestimentas dos
acólitos, máscaras para doar aos amigos e familiares.
Obrigado mamãe! Dizem seus cinco filhos.
Pelos momentos que foi rígida quando tinha
que ser, e dizer sim nos momentos que era para dizer sim, com seus ensinamentos
nos fizeram homens e mulheres cada dia mais responsáveis.
Seus filhos pela ordem de nascimento são: Antonio das
Neves do Nascimento Teixeira; Antonio Claudio do Nascimento Teixeira; Gracineia
do Nascimento Teixeira; Antonilson do Nascimento Teixeira; Gracilene do
Nascimento Teixeira.
Confira a transmissão dessa Novena pelo canal da Igreja local no YouTube:
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