O
“num vô” de Jair Bolsonaro ao depoimento ao qual foi intimado por Alexandre de
Moraes não é a razão do novo capítulo da crise institucional que vive o país.
A
razão é o desejo de Jair Bolsonaro em fazer das crises o seu método de
manter-se no poder, já que método de governar seria reconhecer que há governo,
o que daqui já se foi faz tempo.
Bolsonaro
não gere a cooperação, gere o conflito, desde que se lançou a política, ainda
dentro da caserna.
Seu
ambiente é o da constante disputa do “quem é que manda aqui?” e seu argumento
eximir-se dos fiascos sucessivos é o “não me deixam mandar”.
Quem?
O Judiciário, a imprensa, a lei, a pandemia, os ambientalistas, os petistas, os
esquerdistas, os “comunistas”, que se opõem ao povo, maciçamente representado
em motociatas e desfiles de picapes climatizadas do agronegócio, tão
reluzentes que se suspeita jamais terem visto barro.
Não
se trata de uma discussão sobre as prerrogativas de se e como ele deveria
prestar declarações em um processo judicial em que, na condição de investigado,
poderia escolher entre comparecer ou não e, na condição de presidente, do
direito que teria em determinar local, data e hora da oitiva.
Teve
dois meses para fazê-lo e não o fez, e nem sequer levantou, senão na véspera,
objeções a obedecer à ordem do ministro do STF.
O
último lance da pantomima foi inacreditável: entregar um recurso faltando 11
minutos antes do depoimento. Achava que todos sairiam correndo pelos corredores
do Supremo para acolher seu pedido com tom de ordem? Está claro que o horário
foi estudado para, mesmo que houvesse vontade de atendê-lo, não fosse possível
e ficasse claro sua recusa em prestar declarações sobre o caso.
Bolsonaro
está “tocando reunir” para a legião de fanáticos e Moraes deu-lhe o pretexto
para fazê-lo.
Quem
quiser estudar o comportamento do presidente deve deixar da lado os tratados de
política e examinar as atitudes dos valentões de botequim.
Bolsonaro
é desta extração.
Tijolaço.
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