Infelizmente a Folha resolveu relembrar o centenário de Leonel Brizola, no próximo
sábado, perguntando a alguns de seus apoiadores e contemporâneos, qual seria o
“posicionamento político de Brizola hoje” diante da pandemia da Covid.
Se tivessem me perguntado eu não responderia nada,
apenas enviaria a foto aí de cima, tirada em 1985 e que retrata uma cena que
assisti pessoalmente, como seu assessor: a da recepção que Brizola deu a Albert
Sabin, criador da vacina que erradicou a poliomielite, em sua última visita ao
Brasil.
Ali, no Salão Verde do Palácio Guanabara, ao lado do
então secretário de Saúde do Estado, Eduardo Costa, Brizola repetiu o que
sempre dizia sobre saúde pública: que ela dependia de “vacina e água limpa”,
imunização e saneamento, portanto.
No seu segundo governo, deu o nome do grande
cientista a um Ciep, em Seropédica, na periferia pobre do Rio de Janeiro.
A pergunta da Folha, de resposta tão óbvia que chega
a ser uma ofensa, é retrato destes tempos loucos em que temos um presidente que
repudia vacinas e outros governantes que se acovardam em tomar as precauções
para que uma doença que se espalha pelo mundo aos milhões por dia mas que não
pode, para eles, “prejudicar a economia”, mesmo que isso custe milhares de
vida.
A visão que, ainda hoje, as elites brasileiras têm
de Brizola, como um personagem “imprevisível” é lamentável, porque se há algo
que marcou a sua trajetória foi a coerência.
A foto, desculpem o clichê, vale mais do que mil
palavras da Folha.
Tijolaço.
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