À
esquerda e à direita, há montes de gente querendo dizer a Lula como ele deve
fazer sua política de alianças e sua gestão da economia.
Alguns
petistas aproveitam o espaço fácil dos jornais para manifestar sua objeção a
que o ex-presidente tenha em sua chapa o ex-tucano Geraldo Alckmin, “apenas”
quatro vezes governador de São Paulo.
Do
outro lado, em O Globo, o banqueiro Ricardo Lacerda, dono do banco BR
Partners, escolhe com quem Lula não pode falar: Gleisi Hoffman, Guido Mantega,
Aloizio Mercadante e Dilma Rousseff.
Lula
deve dar risadas deste tipo de declaração.
Primeiro,
porque é absolutamente estúpido achar que, depois dos mais de 40 anos de
trajetória como líder político, alguém tenha a pretensão de pretender dizer ao
ex-presidente com quem deve conversar, até porque salvo um ou outro que o
estômago tem o direito de vetar, um homem de Estado tem, como regra, de conversar
com todos e com todos ter certa reserva.
Conversar
sempre, ouvir muito, mas terceirizar decisões e ideias, nunca.
Segundo,
porque aos 76 anos, dois mandatos e uma prisão de 580 dias, Lula não tem mais
apego a miudezas da política nem a deslumbres de poder.
Já
pisou em todos os tapetes e viu todos os lustres, aqui e lá fora e mais que
ninguém sabe que são transitórias as glórias do mundo.
Sabe
perfeitamente que, neste momento, tem duas obrigações; conquistar votos para
ser presidente e apoio (quando impossível, neutralidade) para poder, de fato,
governar.
O
resto é firula e vontade de aparecer. Lula não terá um “Posto Ipiranga” nem um
“teórico de esquerda” como seu Ministro da Economia, terá um nome que lhe
garanta um período de bonança política no setor, para que possa dedicar os
primeiros meses do governo a uma reversão do quadro de crise em que a economia
está mergulhada.
No
front político, não vai adotar “purismos” e Alckmin não será o único da
centro-direita que levará para o governo. Ele espera, sim, ter uma bancada de
partidos de centro-esquerda poderosa, perto de 200 deputados, mas sabe que isso
é pouco para não ficar refém do Congresso.
Lula
tem dito para quem quiser ouvir – embora poucos entendam que ele está tocando
no que é mais importante – que só quer ser candidato e vencer se puder fazer um
governo de mudanças.
Quem
precisa “indicar” coordenadores e porta-vozes para impressionar é candidato sem
luz própria, como tem Lula.
Quem
quiser não ser ouvido por ele que fique fazendo, seja para que lado for, vetos
a pessoas, sejam do “mercado”, sejam os “ideológicos”.
Tijolo.
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