Numa
educada, mas duríssima nota, o diretor-presidente da Anvisa, Almirante Antonio
Barra Torres reagiu às insinuações lançadas por Jair Bolsonaro sobre haver
interesses na liberação da vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid.
Depois
de lembrar suas origens humildes e seus “princípios cristãos”, Torres diz que ,
se Bolsonaro tem qualquer indício de irregularidade em sua atuação ou na dos
diretores da Agência de Vigilância Sanitária, que mande a Polícia Federal abrir
uma investigação sobre eles, imediatamente.
Mas,
se não tem, que se retrate pelo que disse em sua live de
quinta-feira, que se retrate por ter que haveria algo escuso “por trás” do que
classificou como “interesse da Anvisa” em liberar a vacinação infantil.
Leia
o texto:
Em
relação ao recente questionamento do Presidente da República, Jair Messias
Bolsonaro, quanto à vacinação de crianças de 05 a 11 anos, no qual pergunta
“Qual o interesse da Anvisa por trás disso aí?”, o Diretor Presidente da
Anvisa, Antonio Barra Torres, responde:
Senhor
Presidente, como Oficial General da Marinha do Brasil, servi ao meu país por 32
anos. Pautei minha vida pessoal em austeridade e honra. Honra à minha família
que, com dificuldades de todo o tipo, permitiram que eu tivesse acesso à melhor
educação possível, para o único filho de uma auxiliar de enfermagem e um
ferroviário.
Como
médico, Senhor Presidente, procurei manter a razão à frente do sentimento. Mas
sofri a cada perda, lamentei cada fracasso, e fiz questão de ser eu mesmo, o
portador das piores notícias, quando a morte tomou de mim um paciente.
Como
cristão, Senhor Presidente, busquei cumprir os mandamentos, mesmo tendo eu
abraçado a carreira das armas. Nunca levantei falso testemunho.
Vou
morrer sem conhecer riqueza Senhor Presidente. Mas vou morrer digno. Nunca me
apropriei do que não fosse meu e nem pretendo fazer isso, à frente da Anvisa.
Prezo muito os valores morais que meus pais praticaram e que pelo exemplo deles
eu pude somar ao meu caráter.
Se
o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre
este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente. Determine
imediata investigação policial sobre a minha pessoa aliás, sobre qualquer um
que trabalhe hoje na Anvisa, que com orgulho eu tenho o privilégio de integrar.
Agora,
se o Senhor não possui tais informações ou indícios, exerça a grandeza que o
seu cargo demanda e, pelo Deus que o senhor tanto cita, se retrate.
Estamos
combatendo o mesmo inimigo e ainda há muita guerra pela frente. Rever uma fala
ou um ato errado não diminuirá o senhor em nada. Muito pelo contrário.
Tijolaço.
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