segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MEC DIZ QUE NÃO HÁ CRECHES EM 64 MUNICÍPIOS DO MA

Segundo o Ministério da Educação (MEC), ao lado de Minas Gerias e Rio Grande do Sul, Maranhão é um dos estados com menor oferta de creches do país.

Erisleide da Conceição Feitosa, 22 anos, sente falta de um emprego. Oportunidades existem, mas falta creche para deixar a filha Maria Luiza, de 3 anos. “Às vezes eu deixo com minha mãe, mas nem sempre é possível”, disse Erisleide, também mãe de Joana Camile, de 7 anos. “Ela eu deixo na pré-escola, mas lá funciona só até as 11h, e a maioria dos empregos é de dois turnos”, falou. Esse é o drama da maioria das mulheres na Cidade Olímpica. Drama vivido em São Luís, cidade maranhense com maior número de creches, primeira etapa da Educação Infantil destinada a crianças de 0 a 3 anos. No interior do estado, a situação é pior. São 64 municípios sem creche. O dado coloca o estado em mais um indicador negativo. Junto com Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o Maranhão é um dos estados com menor oferta de creches do país, segundo o Ministério da Educação (MEC).

A Cidade Olímpica é um dos maiores bairros do Brasil, com quase 100 mil habitantes, segundo o WikiMapia. É também um dos mais carentes, sendo conhecida como maior favela da América Latina. Não existem creches na comunidade. Rosângela da Silva de Sousa, 32 anos, disse que o problema a impede de trabalhar. “Se tivesse uma creche eu ia ter onde deixar minha filha”, lamentou. De acordo com o coordenador geral da Associação dos Moradores da Cidade Olímpica (Amcol), João Batista Lira Neto, a busca da entidade por atividades geradoras de renda para as moradoras sempre esbarra na falta de creche. Mesmo depois que as crianças atingem a idade de pré-escola e ensino fundamental, as mães sentem dificuldade em arranjar trabalho. “Ajudaria bastante se as escolas da rede pública fossem em turno integral”, falou.

A Unidade de Educação Básica (UEB) Cecília Meireles é uma das poucas pré-escolas do bairro. A escola recebe crianças a partir de 4 anos, conforme determinação do MEC. São 216 crianças matriculadas, em turmas de aproximadamente 25 alunos. O local possui boas salas de aula, brinquedoteca, livros educativos e área livre para as crianças. Existem pelo menos outras três pré-escolas municipais no bairro. Apesar da qualidade, é a quantidade que deixa a desejar. “Nós temos um número de pré-escolas reduzido”, disse o líder comunitário João Batista. Ele informou que integrantes da comunidade têm reunião marcada na segunda-feira com a Secretaria Municipal de Educação (Semed) e Estadual de Educação (Seduc), para cobrar melhorias.

Tabuada da Educação
De acordo com o Conselho Estadual de Educação, São Luís é a cidade maranhense com maior número de creches do estado. São 258 creches, 200 delas particulares, comunitárias ou filantrópicas. Ou seja: a minoria foi criada pelo município, mesmo que a oferta de creches seja responsabilidade das prefeituras. É verdade que parte das creches comunitárias recebe auxílio da prefeitura. Mas a rede municipal pode ser ampliada, uma vez que o MEC oferece ajuda financeira. Hoje, a cada 100 crianças brasileiras de 0 a 3 anos, 16 estão na creche. O MEC anunciou que pretende subir esse índice para 50% até 2020. Para cumprir a meta, informou que está reduzindo a burocracia.

Além de São Luís, Imperatriz, Paço do Lumiar, Presidente Juscelino e Anajatuba são as cidades com maior número de creches no Maranhão. Outras cidades maranhenses possuem um número inferior a 20 creches. Mas há no interior do estado, municípios inteiros sem creche. É o caso de Pinheiro (a 333 km da capital). A cidade foi visitada por uma equipe do Fantástico, para reportagem sobre o assunto, exibida pela Rede Globo no último dia 6. A Princesa da Baixada é o maior município em número de habitantes sem creche do Maranhão.

Pinheiro tem quase 80 mil moradores, a maioria na área urbana. A única instituição que atende crianças sem idade de ingressar na pré-escola na cidade é filantrópica, mantida pelo padre italiano Luigi Risso, e não recebe ajuda oficial. As sete escolas criadas por ele só atendem crianças as partir de 2 anos de idade. Para as mais novas, não há opção. A prefeitura de Pinheiro confirmou que não tem creches e prometeu a construção de uma unidade para os próximos meses. Alegou que o projeto já está aprovado pelo MEC.

Carolina Mello do Imparcial

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