segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

PETROBRAS VAI REAVALIAR PROJETO DA REFINARIA DO MA

RIO - A Petrobras vai reavaliar os projetos de suas refinarias em três direções distintas, disse hoje o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli, em entrevista após participar do seminário "Cenários da Economia Brasileira e Mundial em 2011", na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Segundo ele, o primeiro aspecto que está sendo considerado para esta reavaliação é que o mercado interno ganhou maior importância, por conta do aumento das vendas verificado no ano passado e que, acredita, deve se repetir por conta do crescimento da economia e consequentemente da renda per capita.

O segundo aspecto é uma maior padronização e simplificação nos projetos das refinarias Premium I e II, respectivamente nos Estados do Maranhão e Ceará. A terceira linha é a flexibilidade das refinarias, para que possam produzir a partir de diversos tipos de petróleo e que processem vários produtos.

Ele destacou que, apesar de focar no mercado interno, em 2020, a Petrobras terá capacidade para processar 3,2 milhões de barris em seu parque de refino, frente a uma produção de 3,9 milhões de barris por dia. Além deste excedente, ele lembrou que há ainda 600 mil a 650 mil barris por dia que serão produzidos pelas parceiras da Petrobras no pré-sal, que "poderão ou não ser exportados ou refinados aqui". "O certo é que há uma capacidade excedente de produção em relação ao refino", negando que já esteja nos planos da empresa a construção de novas unidades. Segundo ele, a Petrobras ainda está concluindo a revisão de seu Plano de Investimentos para até 2015. A previsão, segundo ele, é que isso ocorra até o início de maio.

Gabrielli descartou que a localização das refinarias já programadas seja revista. "A localização das refinarias no Nordeste (Abreu e Lima, Premium I e II) é extremamente estratégica, porque hoje 19% do mercado está no Nordeste. A refinaria mais próxima deste mercado é a da Bahia, mas em breve teremos esta região ligada com a Região Centro-Oeste por ferrovias e hidrovias", disse.

Gabrielli disse que a revisão do plano de investimentos da companhia deverá trazer um "significativo aumento da perspectiva da produção" para os próximos cinco anos. Segundo ele, o plano deverá incorporar as perspectivas de produção na área da cessão onerosa de 5 bilhões de barris, repassada pelo governo na época da capitalização da companhia. Os primeiros cálculos indicam perspectivas de produzir um milhão de barris naquela área.

"Não estou dizendo que vamos produzir, mesmo porque só foram feitos dois poços naquela área. Não há muitos dados sobre como vão se comportar os reservatórios", admitiu Gabrielli.

Perdas
A Petrobras vai contabilizar como perda as duas perfurações feitas no bloco BM-S-22, em que ela participa com 20%. O bloco é o único da área do polo de Tupi, no pré-sal da Bacia de Santos, que não é operado pela estatal. Os dois poços serão lançados como perdas porque estavam secos, explicou Gabrielli.

"Não comentamos nenhum detalhe sobre uma área que não operamos, mas no mercado de petróleo é considerada praxe a contabilização como perda de poços secos", disse Gabrielli. Os dois poços, operados pela ExxonMobil, também foram os únicos da região - que abriga o campo de Lula e as reservas de Iara, Guará, Carioca e Parati, entre outras - que resultaram secos.

Preços
O presidente da Petrobras afirmou que espera elevada volatilidade no preço do petróleo no mercado mundial no decorrer do primeiro semestre deste ano. Segundo ele, há uma série de incertezas que contribuem para este cenário. A primeira delas é como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) vai reagir. "A Opep tem condições de colocar rapidamente cinco milhões de barris por dia, mas a produção tem estado estável", comentou.

Ele destacou ainda que o fato de o mercado dos Estados Unidos e do Japão estarem estagnados, dificulta a análise sobre o futuro do mercado mundial. "Os olhos dos analistas estão muito voltados para estes mercados. China, Índia e Brasil, que estão apresentando crescimento elevado, ficam de fora e isso torna o crescimento de consumo incerto", disse. Para ele, com taxas de juros baixas, há uma tendência maior nestas incertezas.

KELLY LIMA - Agencia Estado

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