segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

FLÁVIO DINO VETADO NOVAMENTE POR SARNEY

A vitória na votação do salário mínimo na Câmara não serve como sustentação para medir a força política do governo Dilma Rousseff, no sentido mais permanente da expressão. Apesar de significativo, o resultado - maior que os obtidos por Fernando Henrique Cardoso e Lula nos primeiros testes de seus mandatos -, ocorreu dentro do período de trégua normalmente concedido a todo governo recém-empossado.

A rigor, não é exatamente uma concessão. Assim os partidos ávidos por cargos sofismam a submissão estratégica a um governo ainda fortalecido por centenas de cargos a preencher. Serve mais para confirmar que, sendo de continuidade, não começa fraco, do que para medir sua força política, que precisará ser constante.

O PMDB teve o pragmatismo absoluto (votou 100% com Dilma) que faltou ao seu principal parceiro na aliança governista e, de forma mais contundente, ao PDT. Este faltou ao governo com praticamente 40% de sua bancada, enquanto aquele exibiu unidade de ocasião, de olho nos cargos de segundo escalão com os quais espera compensar as perdas ministeriais.

O tratamento a pão e água anunciado por fontes palacianas aos dissidentes trabalhistas é mais terrorismo que realidade. O governo só perderia com isso. O que parece claro ao Planalto é que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não lidera o partido e inverteu a ordem das coisas ao sustentar que tem deveres com sua base eleitoral e não como base política do governo.

Veto de Sarney...
Não partem necessariamente do Planalto os vetos aos cargos de segundo escalão cobiçados por aliados derrotados nas urnas. Na complexa aliança montada por Lula para eleger Dilma, sobram adversários nos partidos da base. O presidente do Senado, José Sarney, por exemplo, vetou a nomeação do ex-deputado Flávio Dino (PCdoB) para um posto no Ministério da Justiça e, agora, impede sua acomodação na vice-presidência, com Michel Temer. Ele foi adversário de Roseana na disputa pelo governo do Maranhão.

Na Justiça, Dino seria o inimigo dentro de casa. Com Temer, menos, mas para Sarney, é melhor prevenir que remediar.

Requião
Já o senador Roberto Requião (PMDB-PR) veta o ex-governador do Paraná Orlando Pessutti (PMDB) para a vice-presidência de Agronegócios do Banco do Brasil. Pessuti renunciou à candidatura à reeleição a pedido de Dilma Rousseff para apoiar Osmar Dias (PDT). Mas Requião o acusa de ter feito campanha contra ele e votado em José Serra.

Wagner
E o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), luta para impedir a nomeação do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) à vice-presidência de Governo e Loterias da Caixa, já praticamente acertada. Geddel enfrentou Wagner na eleição para governador no ano passado.

Prestígio abalado
Pela primeira vez em mais de 20 anos, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) fica fora da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante do Senado. Punição pela independência em relação ao partido, mas só possível agora, no rastro do arranhão à imagem causado pelo pedido de aposentadoria retroativa de governador.

Foi Temer
O governo credita a Michel Temer, e não a Henrique Alves, a união do PMDB pelo mínimo de R$ 545.

 JOÃO BOSCO RABELLO - O Estado de S.Paulo

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