Como
o Brasil se tornou um país onde a política é ditada não pelos partidos e pelo
Congresso, mas pelos tribunais, quem escreve sobre política parece ter perdido
o direito de descansar, mesmo depois das dez da noite.
Foi
o que aconteceu ontem, quando já bem tarde se divulgou a decisão de Celso de
Mello suspendendo o julgamento das reclamações disciplinares contra Deltan
Dallagnol que, rolando há mais de um ano e depois de sucessivos adiamentos,
iriam ser decididas hoje no Conselho Nacional do Ministério Público.
É
uma reviravolta que coloca Deltan a depender da decisão sobre a suspeição de
Moro, como antes se via o destino do procurador comoavant-première do que
aconteceria ao ex-juiz.
Claro
que – como lembra o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, no DCM – Deltan
tem direitos a serem preservados, inclusive o de se valer dos recursos
judiciais para enfrentar as acusações de desvios funcionais, como é o caso, os
mesmo direitos que, quando se tratava de suas “vítimas” ele ele dizia que verem
defendidos pelo Supremo indicava uma “leniência” do STF com a corrupção.
Aplicado
o mesmo raciocínio, seria agora uma “leniência” com o abuso de poder, com o
atropelo das garantias individuais e com o abandono da constitucional presunção
de inocência.
Alguns
acham que Celso de Mello agiu para deixar o caso Moro em suspenso, para que
seja seu grande momento , ao sair do STF. Talvez, mas é de dar meldo que as
“soluções corporativas” continuem a ser a “grande lei” da Justiça brasileira.
Do
Tijolaço
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