sexta-feira, 14 de agosto de 2020

O OURO DE BOLSONARO DE TOLOS PARA TOLOS: POR FERNANDO BRITO

O amarelo é brilhante e fascina logo os ambiciosos que não sabem identificar sua natureza: a pirita, ou “ouro de tolo”, está, a esta altura, refulgindo nos olhos de Jair Bolsonaro com o ganho de popularidade que lhe aponta o Datafolha.
Ontem ainda, antes dos resultados, debati sobre o assunto com o professor Pierre Lucena, da Universidade Federal de Pernambuco, mostrando como é fugaz e será frustrante o brilho dos relativamente poucos pontos que Jair Bolsonaro de crescimento em seus índices de aprovação.
Distribuindo R$ 600 a dezenas de milhões de pessoas que estão no desespero, sem trabalho e sem renda, é, francamente, até pouco.
Claro, o povão está na dele e não há nada de errado em que, neste momento, cresçam algumas simpatias para o governo que faz isso.
O problema é que ninguém, nem o próprio Jair Bolsonaro, acredita que que isso pode se prolongar indefinidamente.
“O auxílio emergencial custa R$ 50 bilhões por mês, e tem gente que demagogicamente acha que ele tem que ser prorrogado indefinidamente”, declarou na sua live semanal, ontem.
Pois é, se não vai ser prorrogado, ou será retirado ou será reduzido em valor e restringido em alcance e cairemos na dura realidade de uma profunda recessão, global e local, que não proverá a população de sua principal fonte de renda:| o trabalho.
Não se espere, portanto, efeitos de longo prazo desta situação. Com medidas muito mais sofisticadas que essa, José Sarney, com seu Cruzado e, em menor escala, Fernando Henrique Cardoso e seu real “um por um” com o dólar, transitaram em pouco tempo – verdade que com eleições no meio – da glória à maldição entre os pobres.
É verdade que isso assusta os inexperientes – que não viram isso acontecer – e os que acham que os sentimentos profundos se confundem com as águas agitadas de uma ventania.
O fato, real, é que nosso país está em ruínas, esta é uma terra arrasada, queimada, onde a crise econômica não irriga, mas resseca, todas as atividades humanas.
Um país que não tem rumo – porque o precipício é algo que não se pode mostrar como destino – não progride e o que temos hoje não é um governo que construa, que edifique, mas uma máquina de destruição insaciável.
Como na Saudosa Maloca de Adoniran Barbosa, estamos a “apreciar a demolição”.
O que virá em seguida vai mostrar que o ouro de Bolsonaro é de tolo e para tolos.
Do Tijolaço

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