O
destino do censo demográfico brasileiro, independente da decisão do ministro
Marco Aurélio Mello tem lógica, é ficar – e olhe lá – para 2022.
É
provável que a decisão – liminar de tutela antecipada – caia e, ainda que isso
não aconteça, que se crie um impasse: sem previsão orçamentária, como o IBGE
fará as despesas necessárias para sua realização?
O
país, é claro, precisa do Censo, mas para tem censo, com o perdão do
trocadilho, para que ele aconteça precisa-se de um governo com um mínimo de
senso, o que não é, definitivamente, o que temos hoje.
Na
elaboração e na aprovação do Orçamento, em lugar de espírito público, houve uma
corrida desesperada por montar uma base de apoio fisiológica e, para isso,
foi-se leniente ou cúmplice de um alucinado assalto aos cofres públicos, para
financiar obras e programas que atendessem aos interesses paroquiais dos
parlamentares.
Não
foram os recursos do Censo os cortados, foram todos os destinados a políticas
públicas, em todas as áreas, exceto, talvez, a militar.
E
essa por motivações idênticas às que determinaram os arreglos com os
parlamentares.
E
veremos adiante porque o Censo foi um dos primeiros a sofrer a degola
orçamentária.
O
dano está feito e o próprio Sindicato dos Servidores do IBGE diz que não há
mais como realizar a pesquisa este ano: “O IBGE não pode tirar o Censo da
cartola sem garantia de recursos e cumprimento do cronograma necessário para a
pesquisa”.
Não
se governa nem com decretos, nem com liminares. Governa-se com políticas
públicas – que os serviços oficiais de estatística, como o do Censo, devem
alimentar de informações e diretrizes.
Um
governo sem políticas públicas, como este, não precisa delas e, por isso, desde
sua posse, vem tratando o IBGE a migalhas de pão e goles d’água, porque não
quer números que reflitam a realidade, mas que louvem a administração.
É
só você ver a “reengenharia” que fizeram no Caged (cadastro de empregados e
desempregados) para registrar um crescimento no número de trabalhadores que
ninguém mais vê, muito menos as pesquisas do IBGE.
Infelizmente,
o que vai acontecer – com ou sem liminar do STF – é não haver o censo
demográfico de 2021.
O
governo Bolsonaro não quer que se veja a realidade brasileira, degradada e
empobrecida, porque ela é o mais violento libelo contra a desgraça que
representou para o país. Não antes de 2022, quanto tentará prosseguir em sua
desgraçada trajetória.
O
corte de verbas é conveniente ao governo brasileiro e a escuridão estatística é
vital a Jair Bolsonaro.
Tijolaço.
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