Extensa reportagem de Fernando Canzian, com muitos dados
estatísticos, na Folha de hoje, mostra o inferno em que foi lançada – ou
lançou-se – a pequena classe média, brasileira, que os governos do PT julgavam
a “jóia da coroa” de seu governo desenvolvimentista.
O
número de famílias na “Classe C”, com renda familiar mensal até 8.300 (note que
isso era quase oito mínimos, em 2020), desabou 32%, mesmo tendo o “reforço” das
famílias de Classe A/B que migraram para o patamar abaixo.
Daí
que cresceram em 33,3 milhões de famílias as que estão nas classes “D” e “E”,
com ingressos mensais de até R$ 1,92 mil e até, R$ 1,2 mil.
Sim,
foi neste grupo, cuja ascensão deu-se sob Lula, que Bolsonaro inflou seu
discurso de ódio e abocanhou a presidência.
A
jovem classe média ascendente, como Esses Moços de Lupicínio
Rodrigues, deixaram o Céu por escuro e foram ao inferno em busca da luz
moralista que Moro levantava de Curitiba.
E
vai piorar:
Enquanto
classes mais favorecidas começam a estabilizar a renda ou a obter ganhos, as
classes D e E —cada vez mais numerosas— devem amargar nova queda de quase 15%
em seus rendimentos neste ano.
Mais,
é um problema que se retroalimenta:
Mais
pobre, a gigantesca população
de baixa renda consumirá menos, exigindo menos investimentos e
contratações de novos empregados pelo setor produtivo.
No
entanto, todo o discurso que vemos dos “grandes economistas” se volta para o
corte, o arrocho, a contração dos gastos públicos, uma espécie de dieta “low
carb” para quem está anoréxico.
Só
aqui, claro, porque a política de subsídios – trilhões de dólares – de Joe
Biden é saudada como chave para a recuperação econômica dos EUA.
Repare
como todos aqueles que atribuem ao quadro internacional de valorização
das commodities o sucesso econômico do Brasil nos anos Lula não abrem
a oca para falar que se vive, naqueles mercados, uma situação ainda melhor sem
que isso alivie nossa desgraça econômica.
Não
é a atração do capital financeiro internacional que trará a recuperação da
economia brasileira, mas o inverso: é voltarmos a ser um país de 220 milhões de
pessoas – e não um mercado de consumo de 70 ou 80 milhões de pessoas apenas –
que nos tornará atrativos e não um inferno do qual, como estamos assistindo a
toda hora, um país que perde investimentos produtivos, que expulsa fábricas
como se viu ocorrer, ainda esta semana com a cimenteira francesa LafargeHolcim,
que foi se juntar à fila de embarque onde já estavam a Sony , a Ford , a LG e a
Mercedes-Benz.
Tijolaço.
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