segunda-feira, 19 de abril de 2021

ESTUDO DA ‘SCIENCE’ APONTA BOLSONARO RESPONSÁVEL PELO DESCONTROLE DA COVID NO BRASIL

Artigo é assinado por cientistas de universidades como Harvard, nos Estados Unidos, e USP. Estudo critica falta de coordenação nacional e maior mortalidade em estados alinhados com Bolsonaro.

"Resposta do governo federal no Brasil (à covid-19) foi uma perigosa combinação de inação com ações erráticas. Incluindo a promoção de cloroquina".

“A resposta do governo federal no Brasil (à covid-19) foi uma perigosa combinação de inação com ações erráticas. Incluindo a promoção de cloroquina como tratamento, sem levar em conta grande número de evidências. Sem coordenação nacional, as respostas locais variaram”, afirma estudo publicado na revista científica internacional Science, que aponta para a responsabilidade do governo Jair Bolsonaro no grande número de mortos provocado por sua conduta da pandemia no país.

O artigo é intitulado “Padrões espaço-temporais da disseminação da covid-19 no Brasil“. Assinam a publicação dez cientistas de instituições renomadas como Harvard University (EUA); Universidade de São Paulo (USP); Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; Universidade da Flórida; Universidade Nove de Julho; Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS); e Universidade Municipal de São Caetano do Sul, entre outras.

Segundo seus autores, o objetivo do artigo é investigar, pelo método científico, o comportamento do surto de covid-19 no Brasil. Estão abordados temas como velocidade de disseminação, tendências e diferenças regionais; além de índices e comparativos das ações do poder público. “Uma falha na implementação, coordenação, e equidade de resposta em contexto inflamaram a disseminação da doença. Isso resultou em grandes e desiguais taxas de infecção e mortalidade”, afirma o texto.

FATOR BOLSONARO

Por meio de análises locais da progressão dos surtos de covid-19, o estudo indica uma grande variedade de padrões. Entre eles, destaque para piores resultados em estados alinhados politicamente com Bolsonaro. “Nossos resultados mostram que tanto mortes como casos seguem caminhos distintos em cada estado. Eles deixam claro que não existe uma narrativa única sobre a propagação do vírus no Brasil. No entanto, mostram camadas complexas de cenários entre ondas de contágio, que resultam na variação”, aponta.

“Primeiro, o Brasil é grande e desigual. Tem disparidades em quantidade e qualidade de serviços de saúde (…) Segundo, uma densa rede urbana que conecta e influencia municipalidades através do transporte, serviços e negócios, algo que não foi interrompido mesmo durante picos de casos e mortes (…) Terceiro, alinhamento político entre governos e o presidente, que teve papel no tempo e intensidade de medidas de isolamento social”, completa a publicação.

NO PRESENTE

Diante das diferenças regionais, o estudo aponta que seria essencial que o governo federal tivesse agido de forma diferente. “Respostas rápidas, eficientes e igualitárias e coordenação em nível federal são imperativos para evitar a propagação rápida do vírus (…) No entanto, a resposta contra a covid-19 no Brasil não foi nada disso. Ainda não é”, afirma.

O estudo lembra que o país passa, desde o início deste ano, por seu pior momento do histórico da pandemia. “O Brasil vive recordes em números de casos e mortes, e proximidade de colapso dos sistemas hospitalares. A vacinação começou, mas em ritmo lento de acordo com a disponibilidade de doses (…) Até março, o Brasil já reportou 40% do total de mortes por covid-19 em todo o ano de 2020”, afirma. Por fim, essa situação isola o Brasil no mundo e posiciona o país como “ameaça à segurança sanitária global”.

Rede Brasil.

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