Artigo
é assinado por cientistas de universidades como Harvard, nos Estados Unidos, e
USP. Estudo critica falta de coordenação nacional e maior mortalidade em
estados alinhados com Bolsonaro.
"Resposta
do governo federal no Brasil (à covid-19) foi uma perigosa combinação de inação
com ações erráticas. Incluindo a promoção de cloroquina".
“A resposta do governo federal no Brasil (à
covid-19) foi uma perigosa combinação de inação com ações erráticas. Incluindo
a promoção de cloroquina como tratamento, sem levar em conta grande número de
evidências. Sem coordenação nacional, as respostas locais variaram”, afirma
estudo publicado na revista científica internacional Science, que aponta
para a responsabilidade do governo Jair Bolsonaro no grande número de mortos provocado por sua conduta
da pandemia no país.
O
artigo é intitulado “Padrões espaço-temporais da disseminação da covid-19 no Brasil“.
Assinam a publicação dez cientistas de instituições renomadas como Harvard
University (EUA); Universidade de São Paulo (USP); Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo; Universidade da Flórida; Universidade Nove
de Julho; Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS); e Universidade
Municipal de São Caetano do Sul, entre outras.
Segundo
seus autores, o objetivo do artigo é investigar, pelo método científico, o
comportamento do surto de covid-19 no Brasil. Estão abordados temas como
velocidade de disseminação, tendências e diferenças regionais; além de índices
e comparativos das ações do poder público. “Uma falha na implementação,
coordenação, e equidade de resposta em contexto inflamaram a disseminação da
doença. Isso resultou em grandes e desiguais taxas de infecção e mortalidade”,
afirma o texto.
FATOR
BOLSONARO
Por
meio de análises locais da progressão dos surtos de covid-19, o estudo indica
uma grande variedade de padrões. Entre eles, destaque para piores resultados em
estados alinhados politicamente com Bolsonaro. “Nossos resultados mostram que
tanto mortes como casos seguem caminhos distintos em cada estado. Eles deixam
claro que não existe uma narrativa única sobre a propagação do vírus no Brasil.
No entanto, mostram camadas complexas de cenários entre ondas de contágio, que
resultam na variação”, aponta.
“Primeiro,
o Brasil é grande e desigual. Tem disparidades em quantidade e qualidade de
serviços de saúde (…) Segundo, uma densa rede urbana que conecta e influencia
municipalidades através do transporte, serviços e negócios, algo que não foi
interrompido mesmo durante picos de casos e mortes (…) Terceiro, alinhamento
político entre governos e o presidente, que teve papel no tempo e intensidade
de medidas de isolamento social”, completa a publicação.
NO
PRESENTE
Diante
das diferenças regionais, o estudo aponta que seria essencial que o governo
federal tivesse agido de forma diferente. “Respostas rápidas, eficientes e
igualitárias e coordenação em nível federal são imperativos para evitar a
propagação rápida do vírus (…) No entanto, a resposta contra a covid-19 no
Brasil não foi nada disso. Ainda não é”, afirma.
O
estudo lembra que o país passa, desde o início deste ano, por seu pior momento
do histórico da pandemia. “O Brasil vive recordes em números de casos e mortes,
e proximidade de colapso dos sistemas hospitalares. A vacinação começou, mas em
ritmo lento de acordo com a disponibilidade de doses (…) Até março, o Brasil já
reportou 40% do total de mortes por covid-19 em todo o ano de 2020”, afirma.
Por fim, essa situação isola o Brasil no mundo e posiciona o país como “ameaça
à segurança sanitária global”.
Rede Brasil.
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