Jair
Bolsonaro, durante cerimônia comemorativa do Dia do Exército, com a Imposição
da Ordem do Mérito Militar e da Medalha do Exército Brasileiro - Fotos Públicas.
Nos
últimos dias ocorreram fenômenos curiosos na mídia.
De
um lado, viúvas da Lava Jato bradando aos quatro ventos que o combate à
corrupção no Brasil foi prejudicado com a suspeição de Sérgio Moro pelo Supremo
Tribunal Federal (STF).
O
bravo Ministro Luís Roberto Barroso, um Dorian Gray contemporâneo – tentando
emular o líder estudantil que foi, para se tornar permanentemente jovem -,
sustentou que, depois da Lava Jato, não se pratica a corrupção no país com a
mesma desenvoltura de antes.
Diz
isso e um delegado da Polícia Federal vai ao Congresso e acusa o Ministro do
Meio Ambiente de ter interferido na maior apreensão de madeira ilegal da
Amazonia. Ricardo Salles foi até o local e avalizou a madeira tombada, como
sendo legal. Segundo o delegado, ainda não tinha aparecido sequer o
proprietário de 70% da madeira apreendida. E a maior madeireira da região
acumula mais de 20 multas do IBAMA. Efetivamente um crime de responsabilidade à
luz do dia, sob silêncio do nosso Dorian Gray.
Em
paralelo, o site The Intercept, com base em informações do Ministério Púbico
Estadual do Rio de Janeiro, levanta indícios veementes de ligação da quadrilha
de Adriano Nóbrega – o chefe do Escritório do Crime, morto na Bahia – com o
“homem da casa de vidro” que tudo indica ser o Palácio do Planalto. Ou seja,
indícios veementes das ligações atuais do presidente da República com o
Escritório da Morte. Silêncio sepulcral da parte dos varões de Plutarco,
silêncio da mídia, mostrando que o Brasil de Noel Rosa continua presente: por
aqui tudo se compra e tudo se vende.
O
que faremos com o escândalo? Vamos usá-lo para acelerar os negócios da
privatização, é claro. Se se aciona a bomba, ela mata e governo morto
interrompe os negócios. Então é mais efetivo manter a bomba à mão, com o
governo sabendo que poderá ser acionada a qualquer momento. E deixá-lo continua
exterminando CPFs.
Essa
é a quadra atual em que se encontra o país. Some-se a politização extremada da
Justiça Federal, com um juiz, polêmico ex-presidente da AJUFER (Associação dos Juízes
Federais da 1a Região) expondo sua corporação ao ridículo, concedendo uma
liminar-cloroquina, para impedir a eleição do senador Renan Calheiros como
relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). Sendo que sequer há eleição
para relator, que é escolha pessoal do presidente eleito para a CPI.
Esse
é o caos político-jurídico em que o país se meteu, depois que a Lava Jato foi
utilizada como gazua para implodir o sistema político brasileiro.
O
que se tem, agora, é uma xepa, com mercado, mídia, grupos financeiros saindo
atrás dos últimos negócios, antes que o sistema institucional brasileiro se
recomponha. E tome brasileiro morrendo de Covid ou morrendo de fome.
Enquanto
isto, o espertíssimo Ministro Luiz Edson Fachin, para salvar o ex-juiz Sérgio
Moro, abre a garrafa e deixa escapar Lula. Não foi para reparar injustiças,
para recompor o sistema político, mas apenas para salvar seu verdugo. E o país
de Macunaíma tenta escrever o certo por linhas tortas, começando a reconstruir
uma alternativa ao bolsonarismo.
É
nesse quadro que se deve analisar os últimos dados sobre 2022, o crescimento de
Lula não apenas nas redes sociais, mas junto ao sistema. Segundo informações
vazadas para a imprensa, Lula já está em reuniões com empresários, embaixadores
estrangeiros.
Imediatamente,
o exército de robôs turbinados pela mídia, chamados de “presenciáveis 2G”, se
desfez nas brumas do tempo. E o espirito de Macunaíma descobre a solução
mágica. Se o país está polarizado, entre Lula e Bolsonaro, venda-se a ideia de
que Bolsonaro não irá para o 2o turno. Não indo, restará Lula. Substitui-se o
antibolsonarismo e se repõe o antilulismo. E, aí, os bravos Fachin e Barroso
pensam em uma estratégia mais eficiente para reativar a proibição de Lula
concorrer.
É
nesse quadro típico de republiqueta latino-americana que se move a economia.
Nos
próximos meses, o país terá que escolher entre recompor o sistema
político-partidário ou continuar a xepa. Mas toda xepa tem vida curta.
GGN.
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