O
Brasil segue na liderança do ranking mundial de destruição de florestas
tropicais. E com folga. Levantamento da organização Global Forest Watch divulgado na última quarta-feira
(31) mostra que em 2020 foram devastados 1,7 milhão de hectares pelo
desmatamento desenfreado e queimadas.
A
área de floresta destruída no Brasil é três vezes maior que a do segundo
colocado, a República Democrática do Congo (RDC).
O
levantamento mostra também que a devastação é crescente. Em 2020, segundo ano
do governo de Jair Bolsonaro, com Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio
Ambiente, a perda aumentou em 25% em comparação com o ano anterior, quando a
dupla deu início à desastrada política ambiental.
AMAZÔNIA
DEVASTADA
Segundo
a Global Forest Watch, a maior parte da perda de floresta tropical brasileira
se deu na Amazônia. O bioma teve aumento de 15% em sua área devastada em
relação ao ano anterior, totalizando 1,5 milhão de hectares.
Áreas
recém abertas são particularmente comuns nas fronteiras ao sul e a leste da
Amazônia, mais conhecida como “arco do desmatamento” e às margens de rodovias
que cortam a floresta. Muitas delas estão em processo de expansão,
com pavimentação prevista.
Também
estão na Amazônia as diversas cicatrizes deixadas por incêndios. A porção
brasileira da floresta é a que foi mais atacada pelo fogo, de maneira mais
intensa do que no ano anterior. Segundo os pesquisadores, grandes incêndios
raramente ocorrem em florestas tropicais úmidas, como a Amazônia.
Ainda segundo o relatório, em 2019, grande parte dos incêndios ocorreu em
áreas já desmatadas, por ação de fazendeiros que prepararam a terra para
agricultura e formação de pasto. Entretanto, em 2020, as florestas concentraram
o maior número de incêndios, causados por humanos, que se alastraram para além da
extensão calculada, devido ao clima seco.
PANTANAL
Os
cientistas temem que os incêndios e as emissões relacionadas possam
aumentar no futuro. As mudanças climáticas e o aumento no desmatamento,
secando as florestas e tornando-as mais vulneráveis a incêndios, podem transformar
a Amazônia em uma savana.
Apesar
do prejuízo, a Amazônia não foi o único bioma brasileiro a sofrer com a
crescente perda de floresta úmida em 2020. O Pantanal, maior planície alagada contínua do mundo, também
viu aumento na destruição de floresta. Em 2020 foi 16 vezes maior do que no ano
anterior.
Especialistas
estimam que cerca de 30% do Pantanal ardeu em chamas em 2020. O fogo
não poupou áreas protegidas e territórios indígenas. Tribos como os
Guató ficaram sem alimentos ou água limpa.
Tampouco
a biodiversidade. Milhares de animais mortos ou feridos, entre
eles onças-pintadas e outras espécies vulneráveis. Ainda segundo o
relatório, mesmo que o impacto não esteja claro a longo prazo, as proporções
sem precedentes destes incêndios sugerem que algumas áreas do Pantanal podem
não se recuperar por décadas.
GGN.
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