Estão
terminando as centenas de atos públicos contra Bolsonaro que marcaram o dia de
hoje pelo Brasil.
Expressivos
por toda a parte, eles nos mostram, porém, que não se pode pensar,
exclusivamente, numa maratona de manifestações, mas que é preciso começar a
organizar pela base o processo de preparação para o processo eleitoral que pode
terminar com este pesadelo que vive o Brasil.
Sim,
porque crescerão a dificuldades de ser oposição a um governo que já não existe
e no qual não se acredita, nem mesmo nas bravatas e rosnados de seus chefes
(dos) militares, porque é mais que duvidoso que interpretem vontades orgânicas
e estratégicas das Forças Armadas.
Tudo
o que estamos vivendo rescende a falsidade: o bolsonarismo hoje não é além de
um anacronismo direitista, velho como Guerra Fria, que só é hegemônico entre a
direita porque tem dois fatores a conservá-lo: o óbvio aproveitamento das
estruturas governamentais e o desmantelamento das estruturas
político-partidárias que se provocou com a Lava Jato, que destruiu totalmente
as próprias forças que a promoveram.
Tivesse
sobrado algo, estaria aí a tal terceira via, mas não sobrou.
Daí
que é falso crer que Lula procura, tal como quer Bolsonaro, um confronto
exclusivo entre ele e o ex-capitão. Não é mau para o ex-presidente que haja
candidaturas à sua direita que formem contra Bolsonaro, embora, a depender do
desenho que tomem as eleições, não se possa garantir que formarão na oposição
em um eventual segundo turno eleitoral.
Mas
estas forças seguem se vitimizando com o que chamam de “intransigência da
esquerda” para justificar a sua ausência do combate ao bolsonarismo. Sem elas,
não haveria Arthur Lira que atrelasse – ainda que com espertezas marotas – o
Legislativo a Bolsonaro e, agora, passando de cavalgadura a cavaleiro, tomando
as rédeas do governo.
O
que cabe às forças de esquerda, diante disso, é converter rua em voto, sair da
pobreza “identitária” egoísta e entender que há uma primeira identidade a nos
reunir, a de democratas e progressistas, que nos reúne ao povo e une o povo.
Por fogo em Borba Gato, de resto um personagem que não
encanta ninguém senão os mumificados, realmente não faz parte das prioridades
urgentes. Pode ser, no máximo, uma boa sugestão de carro alegórico do carnaval
que vem aí, tomara, sem pandemia.
Não
estamos lutando contra os exterminadores do passado, mas contra os
exterminadores do nosso futuro.
Tijolaço.
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