Provavelmente
não terá consequência prática a ameaça do vice-presidência da Câmara, Marcelo
Ramos, de colocar em votação pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro.
Ele
pode até pautar a votação, numa ausência circunstancial de Arthur Lira, mas
este voltará e “despautará”, colhendo mais alguns créditos (inclusive
orçamentários) junto a Bolsonaro.
Mas
o que acontece com Ramos não se limita a ele: é cada vez maior o número de
parlamentares e lideranças políticas que de “aderentes”, em maior ou menor
grau, foram transformados em inimigos.
Rodrigo
Maia, claro, foi o maior exemplo, mas Ramos também o ajudou, como presidente da
Comissão da Reforma da Previdência.
Se
você quiser aumentar a lista, tem um lote: Alessandro Vieira, Omar Aziz, Simone
Tebet, sem falar nos governadores eleitos na maré bolsonarista: Witzel, Doria,
Eduardo Leite…
Jair
Bolsonaro vive disso, da criação de inimigos que, em geral, destrói mas que, no
processo, também danifica sua base de sustentação.
Dar
apoio a Bolsonaro na Câmara ou no Senado não é a mesma coisa que grudar-se a
ele nas eleições que virão em outubro do ano que vem.
Até
porque os votos – em número muito menor que em 2018 – Bolsonaro arrastará serão
destinados, essencialmente, ao seu grupo de fanáticos e não aos candidatos do
PP, PTB, Republicanos, Podemos e outras legendas que se associaram mais
fortemente a ele.
Portanto,
carregar Bolsonaro em suas chapas não trará grande lucro eleitoral a candidatos
a deputados de MDB, DEM e a alguns grupos do “Centrão”. A verbas para obras
municipais, a esta altura, já estará lá, não precisa de “sacrifícios” extras.
Bolsonaro,
que não tem partido e não parece muito preocupado em ter – saiu do PSL,
abandonou a criação do Aliança 38, deixou desandarem os acertos para
sua entrada no Patriotas – elegeu 10% do Congresso – 53 deputados – com 46% dos
votos no primeiro turno. Com os 23% que lhe dão as pesquisas faria o quê? 23 ou
24, apenas os mais fanáticos e icônicos bolsonaristas. O baixo-clero não cabe
nesta cota.
Não
parece provável a hipótese que Bolsonaro arraste votos na próxima eleição na
mesma proporção que os carregou em 2018.
Tijolaço.
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