Faz
sucesso na internet o “fora” que a senadora Simon Tebet deu em Flávio Bolsonaro
durante a sessão desta quarta-feira da CPI da Covid, onde era ouvida Emanuela
Medrades, peça chave na história da compra da vacina indiana Covaxin.
De
fato, chamou a atenção, mas deveria chamar mais atenção o fato de Flávio ter
comparecido – e permanecido por horas – à reunião de uma comissão da qual não é
membro titular ou suplente e, portanto, não pode falar senão ao final da tarde,
depois de todos os integrantes, no mesmo dia em que seu pai, Jair Bolsonaro,
era internado às pressas, com uma obstrução intestinal inflamada e um litro de
líquido no diafragma.
Desde
a manhã, Flávio plantou-se no plenário, interferindo, provocando. Do pai, soube pelo médico que “passou o telefone para meu pai,
ele ainda estava meio grogue, disse que ia ficar tudo bem”.
O
cuidado do pai – e a furiosa postagem de tweets – ficou por conta de
Carlos Bolsonaro, justamente aquele que, em meio de semana, deveria estar no
Rio de Janeiro, cumprindo seu mandato de vereador.
Seria
falta de amor filial ou, ao contrário, uma demonstração de quanto a família
cuida de si que Flávio, indiferente ao perigo pelo qual passava Jair,
permanecesse ali no plenário, bem visível a Emanuela que, da figura frágil e
descontrolada de terça-feira, assumia a mais ousada e desafiadora personagem já
ouvida na CPI?
Na
terça-feira, o governismo havia sumido da CPI e sequer um senador governista se
manifestou. Ontem, todos eles estavam presentes, combativos, sem deixar passar
uma e tumultuando quando se evidenciavam situações suspeitas.
Se
estivesse escrevendo um romance policial – e alguém duvida que está se
escrevendo um romance policial no drama da vacinação no Brasil? – diria que a
presença de Flávio Bolsonaro seria a “assinatura” de um compromisso com a
depoente, que já não se sentiria só e abandonada.
Nas
famílias mafiosas, o amor filial é a fidelidade nos negócios do clã.
Tijolaço.
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