Em
entrevista ao Roda Viva, deputado considerado um dos 'homens-bomba' das
suspeitas de corrupção por parte do governo federal desconversou sobre Arthur
Lira.
O
deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) diz ter relatado em caráter privado a
membros da CPI da Covid o nome do político que supostamente teria ameaçado o
ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e pedido "pixulé". A afirmação
foi feita pelo parlamentar em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura,
nesta segunda-feira. Ele, contudo, não revelou a identidade de quem
supostamente pediu propina. "Se Pazuello der o nome, eu confirmo. Esse
nome não é do meu partido", limitou-se a dizer.
De
acordo com a jornalista Vera Magalhães, âncora do programa, Miranda citou o
nome do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL) aos senadores da
CPI. O deputado não confirmou - nem negou -, mas ressaltou que Pazuello deveria
voltar à comissão de inquérito para esclarecer o episódio. "Eu não quero
ser a pessoa do 'ouvi falar', quem passou por isso deve falar", afirmou na
entrevista. Miranda disse ainda que, caso Pazuello acuse a pessoa errada,
vai desmenti-lo publicamente.
O
deputado, tido como um dos "homens-bomba" das suspeitas de corrupção
por parte do governo federal em compras de vacinas, ainda afirmou que Pazuello
não sabia do escândalo da Covaxin dois dias antes de ser exonerado do cargo,
sinalizando que o presidente Jair Bolsonaro pode não tê-lo avisado sobre as
denúncias apresentadas pelos irmãos Miranda. O parlamentar destacou que rompeu
completamente com o chefe do Palácio do Planalto. "Eu não subo mais em um
palanque com Jair Messias Bolsonaro."
GRAVAÇÕES
Miranda
negou diversas vezes ter áudios da conversa que teve com o presidente Bolsonaro
no dia 20 de março acompanhado de seu irmão, mas não descartou a possibilidade
de existir uma gravação.
“Eu
jamais gravaria um presidente da República, mas eu não estava sozinho na sala”,
disse durante o programa. Sobre a reunião, Miranda acrescentou que informou em
detalhes, com o seu irmão, a situação sobre um possível de caso de corrupção na
compra vacina indiana Covaxin.
"O presidente viu tudo, o processo inteiro. Meu irmão imprimiu o processo,
mostrou para ele o contrato”, afirmou Miranda. “De fato, ele não se atenta aos
detalhes da documentação técnica, mas entende que era grave.”
O
parlamentar se diz decepcionado com Bolsonaro. “Ele não desmente, só minimiza a
denúncia, o que é muito frustrante para quem esteve do lado dele o tempo todo”.
Como reação às represálias, ele avalia que seguirá como independente. “A reação
do governo foi muito dura. Mas dizer que, daqui para frente, eu vejo essas
antes que a gente possa caminhar politicamente juntos? Isso nunca mais”, disse
Miranda. “Eu não subo mais em palanque com Jair Messias Bolsonaro.”
Dom Total/O Estado de São Paulo.
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