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Sergio Lima/Poder 360
Em
artigo intitulado “É hora de perdoar o PT”, o jornalista Ascânio Selene, de O
Globo, diz que “o ódio dirigido ao partido não faz mais sentido e precisa ser
reconsiderado se o país quiser mesmo seguir o seu destino de nação soberana,
democrática e tolerante”. No mínimo curioso o texto, vindo da mesma organização
midiática que não somou esforços para atacar dia e noite o Partido dos
Trabalhadores. Que concentrou praticamente todo empenho jornalístico para criar
a falsa imagem do “partido mais corrupto de todos os tempos”. Agora vem falar
em perdão?
Não
que não tenha havido erros por parte Partido dos Trabalhadores. Isto é normal e
comum em qualquer partido político ou organização instituída. Mas, a impressão
que se passa é que esse artigo é uma espécie de “autocrítica” pedante e
carregada de arrogância. Ascânio argumenta que é preciso reconhecer que
30% dos eleitores brasileiros são de esquerda e que o PT é a principal força
político-partidária deste campo. Ele diz ainda que “ninguém tem dúvida de que
os malfeitos cometidos já foram amplamente punidos”. Porém, não consegue
reconhecer o quanto o conglomerado dos irmãos Marinho blindou e continua
protegendo o PSDB. O exemplo mais recente foi da operação da Polícia Federal,
no último dia 3, envolvendo o senador e ex-governador de São Paulo, José Serra.
De acordo com a denúncia, entre 2006 e 2007, o tucano usou seu cargo para
receber da Odebrecht pagamentos indevidos em troca de benefícios nas obras do
Rodoanel Sul. O caso foi noticiado no dia da operação policial, mas não se
falou mais no assunto.
Se
a Rede Globo quiser mesmo fazer uma autocrítica real, despida de tanto
pedantismo e arrogância, será preciso, antes de tudo, que reconheça a
perseguição que fez ao presidente Lula e a perseguição que culminou no golpe
contra a presidenta Dilma, além disso, reconhecer os feitos dos governos
petistas. Lula saiu do Governo com 87% de aprovação, encerrando seu mandato com
o PIB crescendo mais de 7% ao ano. Com o Bolsa Família, o Brasil saiu do Mapa
da Fome, promovendo uma das maiores políticas de transferência de renda do mundo.
Para
fazer uma autocrítica verdadeira, é preciso reconhecer que as gestões
Lula/Dilma realizaram os maiores avanços educacionais de nossa história. Foram
estes governos que criaram o Fundeb, o Plano de Desenvolvimento da Educação que
destinou recursos para mais de 37 mil escolas, o Prouni que beneficiou mais de
2 milhões de estudantes e o Pronatec, que é um programa de ensino técnico de
excelência. Foram também os governos petistas que promoveram a maior
universalização do ensino, criando acessibilidade por meio das políticas de
cota e financiamento.
É
preciso reconhecer ainda que o Brasil avançou em muito em sua política de saúde
pública nas eras Lula/Dilma. Aqui, podemos citar o aumento de 302% do orçamento
do SUS e 63% dos leitos de UTIs, a criação do Samu e das UPAs, e os programas
Mais Médicos e Farmácia Popular.
Seria
interessante que esta autocrítica reconhecesse ainda o Programa de Aquisição de
Alimentos (PAA) que estimulou a agricultura familiar, garantindo alimentos
saudáveis e segurança alimentar a milhares de brasileiros. Que lembrasse de
programas de desenvolvimento socioeconômico como o Luz para Todos e Água para
Todos.
Porém
é difícil que este reconhecimento parta da mídia que sempre trabalhou contra as
políticas de diminuição das desigualdades. Pelo contrário, sempre foi a favor
das iniciativas liberais e agora apoia o ultraliberalismo de Paulo Guedes.
Sendo
assim, fica uma situação um tanto quanto cômoda dizer em perdão o PT no momento
em que a Globo está historicamente em seu maior isolamento. Atacada
constantemente pelo fascismo bolsonarista a emissora está perdendo espaço para
redes como a Record e CNN, além de não conseguir fazer frente aos sistemas
streaming, a exemplo da Netflix.
O
mesmo grupo midiático que trabalhou pelo golpe de 2016, que colocou nossa
soberania à venda, que criou factoides para a prisão injustificável do
ex-presidente Lula, favorecendo a ascensão de Bolsonaro agora diz,
arrogantemente, em perdão?
É
preciso antes de tudo que se faça uma verdadeira autocrítica, sem pedantismo e
arrogância e que a Globo se reconheça como a criadora do próprio monstro que
agora se volta contra ela.
Do
DCM
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