Parece
que está se aproximando a hora do ajuste de contas com os abusos da Lava Jato
e, naturalmente, a de se tomar uma decisão sobre a suspeição de Sérgio Moro no
julgamento do ex-presidente Lula.
A
onda de más notícias para o MPM – o ministério público do Moro –
começou pela encrenca que se formou a partir da recusa do grupo de promotores
do Paraná em entregar o conteúdo das apurações que embasaram o festival de
denúncias apresentadas às 13a. Vara Federal de Curitiba.
Já
está claro que o compartilhamento destas informações com os membros Ministério
Público que detêm o privilégio de ação nos tribunais superiores não só seria
natural como fora judicialmente utilizado.
A
seguir, o site jurídico Conjur revelou a compra, pela Lava Jato, de aparelhagem
própria de interceptação telefônica – para eventual “grampo” não judicialmente
autorizado – e uma inacreditável história de que o “esqueceram ligado” por mais
de dois anos. De quebra, há denúncias de manipulação de processos judiciais.
Ontem,
veio a reportagem do The Intercept e da Agência Pública revelando
que a Força Tarefa da Lava Jato, contrariando expressa disposição legal,
trabalhou em parceria informal com agentes do FBI. A defesa de Lula acába de
pedir ao ministro Edson Fachin que autorize o compartilhamento das provas
da Operação Spoofing, que recolheu dos hackers de Araraquara os
diálogos contidos nesta denúncia.
E,
por último, a marcação, para semana que vem, do julgamento de Deltan Dallagnol
no Conselho Nacional do Ministério Público pela exibição do powerpoint, no
qual o ex-presidente Lula era apontado como o chefe d uma organização de
captação de propinas, acusação da qual já foi absolivido pela Justiça, em
Brasília.
Se
a detratação pública de alguém, em espetáculo para as redes de televisão, por
uma acusação que se provaria falsa não resultar em punição administrativa,
então o Ministério Público pode acrescentar entre suas atividades a destruição
moral dos cidadãos brasileiros.
Em
resumo: o conjunto de acusações que pesa sobre a Força Tarefa acaba por lembra
o mesmo powerpoint usado por Dallagnol: todos os indícios apontam para
ilegalidades, abusos e um furor destruidor incompatível com as funções do
Ministério Público. Resta saber se o MP vai consagrar o banditimo de seus
próprios integrantes.
Do
Tijolaço
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