O
processo de autofagia do bolsonarismo segue a todo vapor, agora com a destituição
da deputada Bia Kicis da liderança do Governo na Câmara, por ter votado contra
a capitulação de Jair Bolsonaro à proposta de ampliação do Fundo de Educação
Básica, o Fundeb.
Nenhuma
novidade para uma representação política inorgânica, formada pela combinação de
fanatismo ideológico e de oportunismo eleitoral, que mesmo antes da eclosão
desta crise já conseguiram a proeza de “rachar” seu partido hospedeiro, o PSL,
e perder Sergio Moro, para ficar apenas em dois episódios de suas disputas
intestinas.
É
mais significativo o episódio no que ele revela de mudança aparente na
estratégia de Bolsonaro, até agora calcada na manutenção do quisto radical que
lhe dava o controle sobre uma direita sem líderes capazes de lhe fazer frente.
Depois
de ter desperdiçado o momento inaugural de seu mandato, quando as condições de
construir uma base parlamentar, o ex-capitão só consegue montar uma aliança
frágil e cara.
Frágil,
como se mostrou na votação do Fundeb, vai se mostrar nos vetos inesperados no
marco legal do saneamento e, veremos adiante, no pastiche de reforma tributária
que Paulo Guedes levou ao Congresso.
E
cara, como informa a Folha, ao aventar a possibilidade de entregar até o
Ministério da Saúde – abarrotado
de verbas não gastas com a pandemia – aos apetites do “centrão”.
Bolsonaro,
sempre o homem do “eu sozinho” ensaia um mergulho numa pasta da direita mais
fisiológica, uma espécie de cloroquina política que poderia salvá-lo de entrar
num quadro de risco a sua sobrevivência, até agora contida nas quatro dezenas
de pedidos de impeachment represados nas mão de Rodrigo Maia.
Do
Tijolaço
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