Quem,
quatro anos atrás, imaginaria Sergio Moro sendo vetado como palestrante num
encontro de estudiosos do Direito, após protestos e ameaça de boicote de outros
palestrantes e participantes do evento?
Pois
é exatamente o que aconteceu, conta Monica Bergamo esta manhã, na Folha,
narrando a revolta dos participantes do 3º Encontro Virtual do Conpedi, o
Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito do Brasil, no qual
Moro dirigiria um dos debates sobre “políticas anticorrupção e de integridade”.
Por
ironia, a palestra de Moro seria patrocinada por outro símbolo do
charlatanismo: o laboratório Apsen, fabricante de cloroquina e em favor do qual
Jair Bolsonaro telefonou ao primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi, para
pedir matéria-prima para produzir o fármaco, suposta (e falsa) ferramenta de
cura da Covid-19.
Moro,
como todo falso herói, é hoje um molambo político, desprezado pelos que
prejudicou e também pelos que ajudou a levar ao poder.
É
uma alma penada, que está sendo exorcizada pelos tribunais e pela academia. No
manifesto de repúdio a Moro, 124 estudiosos do Direito escreveram:
“Ainda que,
felizmente, o convite tenha sido cancelado, em virtude da grande contrariedade
gerada no meio acadêmico, necessitamos dizer, em alto e bom som, que
consideramos um desrespeito a toda a comunidade jurídica do país e às suas
instituições a possível presença daquele que foi declarado pelo Supremo
Tribunal Federal como suspeito e parcial nos processos que dirigiu, em especial
violando a Constituição e as mais básicas regras do Processo Penal brasileiro
para alcançar interesses pessoais e políticos”
O
ex-todo-poderoso está pagando em vergonha tudo o que fez ao Brasil.
Mas
ainda é muito pouco.
Sua
pena maior será ver o país eleger aquele a quem mais perseguiu e sacrificou.
Tijolaço.
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