Ainda
que a resposta seja quase óbvia, diante do quadro de terror que o país
atravessa, creio que é preciso assumir sem medo de patrulhas que sim, não
apenas tem razão como é seu dever inescapável superar o quanto puder as rejeições
movidas pelo preconceito e pela imensa campanha de demonização midiática que
ele sofreu e que é o único empecilho que há hoje para afirmar que ele terá uma
estrondosa vitória nas eleições de 2022.
As
supostas condenações de Lula, agora anuladas na Justiça, permanecem ainda em
parte da classe média que simplifica no maniqueísmo de “bem e mal” a vida, e
que se deixa contaminar por vestais, como o juiz e os promotores de Curitiba,
ainda funcionam como freios à obviedade de que se compara um presidente
desastroso e desumano àquele que que mais obteve apoio da população e que a fez
progredir econômica e socialmente, embora com muitas falhas – e quem não as
têm, exceto os cínicos?
É
o espaço onde, claramente, procura crescer Ciro Gomes, à espera de que um
posicionamento razoável nas pesquisas atraia-lhe o apoio da direita órfã de
Bolsonaro – mas que guarda a herança do antipetismo – e dos sobreviventes do
empresariado não-financeiro do país.
O
potencial de votos nem-nem (nem Bolsonaro, nem Lula) é limitado,
porém, pela atuação do próprio presidente, que assume a cada dia discurso e
atos cada vez mais radicais, garantindo para si o posto exclusivo de
“anti-Lula”. E, por consequência, garantindo a Lula o lugar de
“anti-Bolsonaro”, sem precisar, para isso, radicalizar seu discurso. Com isso,
assume a condição de proponente de uma grande “reconciliação nacional” de um
país para lá de dividido e cansado dos ódios políticos, sociais, religiosos e
econômicos.
Paradoxalmente,
o fato de Bolsonaro conservar perto de um terço das intenções e votos ajuda
Lula, porque o firma como única alternativa ao ex-capitão e o leva à condição
de destinatário dos votos dos quase 60% que o rejeitam. É só olhar o salto de
quase 20% das intenções de voto que tem o ex-presidente nas simulações de 2°
turno, o triplo ou mais do que o atual presidente obtém no voto que é “sim ou
não”.
A
outra constatação é a de que um eventual novo governo Lula não será um governo
de aprofundamento, mas de restauração de mecanismos sociais e econômicos de
justiça e desenvolvimento em meio a uma situação de estagnação da atividade
produtiva e de elevação de inflação e de juros. De alguma forma, algo
semelhante ao que o ex-presidente enfrentou no seu primeiro mandato, ao qual
respondeu com o famoso “Lulinha Paz e Amor”.
Não
há outro caminho para um novo governo senão o de atirar-se no ciclo
emprego-renda-consumo.
Para
isso, é preciso governabilidade político-parlamentar que vai além de uma frente
de esquerda, mas que precisa de uma sustentação mais ampla, ainda que nucleada
pela esquerda.
Está
longe de ser uma escolha – muito menos apenas uma escolha eleitoral – para Lula
a necessidade de ampliar seu leque de alianças.
Vencer
as eleições e viabilizar um governo de reerguimento e recivilização do
país é um dever.
Tijolaço.
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