Na
última quarta-feira (12), o DataFolha divulgou uma pesquisa feita em caráter
presencial em que o ex-presidente Lula (PT) dispara no primeiro turno com 41%
das intenções de voto ante 23% de Jair Bolsonaro (sem partido). No segundo
turno o petista venceria o atual presidente, marcando 55% contra 32% (leia
mais aqui). O resultado divulgado, que diverge muito dos números de outras
sondagens realizadas de maneira retoma (pela internet ou telefone), é explicado
por Marcos Coimbra, do Instituto Vox Populi, à TVGGN. Para ele, sondagens à
distância não funcionam bem na realidade brasileira. São enviesadas e favorecem
Bolsonaro, virtual candidato à reeleição, porque ele tem mais apoio entre os
estratos socialmente mais favorecidos da população. “É óbvio que uma pessoa que
aceitou responder um questionário que recebeu pelo computador já está vários
degraus além do cidadão comum”, declara o sociólogo.
Para
defender sua tese de que pesquisa remota não funciona no Brasil, o sociólogo
usa como exemplo um levantamento recente que apontou Luiz Henrique Mandetta,
ex-ministro da Saúde, à frente de Bolsonaro, Lula, do ministro da Economia
Paulo Guedes, do vice-presidente Hamilton Mourão e Fernando Haddad, ex-prefeito
de São Paulo. “Basta este resultado, do Mandetta pau a pau com o Lula, e
ganhando do Bolsonaro, para você esquecer essa pesquisa”, defende Coimbra.
A
disparidade dos resultados entre pesquisas remotas e presenciais está
relacionada à desigualdade social do país. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46 milhões de
brasileiros não têm acesso à rede mundial de computadores e mais de 41 milhões
não têm celular. “Em um País como o nosso, a pesquisa presencial é a única maneira
de ouvir o que pensa o conjunto da população”, afirma Coimbra. Ele analisa que
levantamentos remotos só servem para comprovar que Bolsonaro está em alta na
classe média e alta.
A
possível chegada de uma terceira onda da pandemia de coronavírus pode,
novamente, suspender a realização de pesquisas de campo e favorecer o líder
extremista de direita nos próximos resultados. “Inventou- se que era possível
fazer pesquisa remota no Brasil”, mas ele espera que o “padrão de pesquisa
brasileira”, ou seja, pesquisas presenciais, retorne com mais força.
DESEMPENHO
DE LULA EM 2022 E TERCEIRA VIA
Na
entrevista ao jornalista Luís Nassif [assista abaixo], Coimbra avalia que Lula
deve se consolidar e melhorar seu desempenho nas próximas pesquisas, enquanto a
tendência para Bolsonaro é se fragilizar e piorar. Quinze anos após a sua
última empreitada nas urnas, na reeleição em 2006, “Lula vai poder se
reencontrar com uma parte grande do eleitorado brasileiro que gostava dele
antes e se reapresentar para um eleitorado mais jovem”, afirma. Há espaço,
portanto, para Lula crescer, o que reduz as chances de uma terceira via. Vídeo:
GGN.
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