O caráter fraco, a incompetência, a
desídia, a indiferença ao sofrimento humano e a covardia de Eduardo Pazuello já
estão, a esta altura, suficientemente evidentes e materializadas em seus atos e
omissões. Sobretudo, nos dois últimos que praticou: o expediente sórdido de
apelar a uma visivelmente falsa alegação de Covid para adiar o depoimento à CPI
e, agora, a autorização para que a Advocacia Geral da União impetre, em seu
nome, habeas corpus preventivo, para ficar calado ao,
finalmente, aproximar-se o dia de sua oitiva pelos senadores.
O mais constrangedor, agora, é o que
ele atira sobre a sua condição de militar e sobre o Exército no qual é um dos
altos oficiais.
Ainda que se aceite, com um bom litro
d’água para engolir que era uma “missão” e não um arranjo político a sua ida
para o cargo de ministro da Saúde, sem qualificação alguma para isso e
capacidade político-administrativa grau zero para o momento sanitário difícil
em que vivemos, mesmo assim Pazuello é um anão moral.
Primeiro, constrangeu sua arma a não
pedir, tanto no exercício do cargo de Ministro quanto depois de sua infeliz
passagem por ali, passagem para a reserva. Nem do ponto de vista da carreira –
seja do posto, seja dos ganhos – lhe faria algum mal: está no ápice de sua
trajetória possível, porque oficiais-intendentes, como ele, não podem ir além
das três estrelas de generalato que já tem.
Por mais que se lhe faça a franquia
de trajar roupa civil, ele é um fardado, da ativa.
Em seguida, levou o comandante do Exército
a afirmar ao presidente do CPI, senador Omar Aziz, que seu subordinado não
podia comparecer à audiência por “estar em quarentena” por ter tido contato com
oficiais contaminados pelo vírus, mas o que se via ela ele passeando sem
máscara nos corredores do Hotel de Trânsito do Exército e recebendo ministros
para “combinar” o depoimento. Agora, com o pedido de HC, que torna evidente que
tudo não passava de uma manobra, deixa seu comandante numa situação para lá de
canhestra, por ter se tornado, mesmo provavelmente não querendo, cúmplice de
uma fraude.
O pior, porém, é o fedor nauseante da
covardia, que fez o próprio vice-presidente e também general Hamilton Mourão
dizer que ele “não pode se furtar a comparecer e prestar lá seu depoimento”.
Porque o general poderá ganhar o
direito ao silêncio, mas não o direito de não comparecer e muito menos o de
escapar de repetir que “tem o direito de ficar calado” e, a cada uma destas ser
acusado de covarde, fujão, medroso e a receber o desafio à sua própria presumível
condição de oficial combatente.
E se responder às perguntas da
minguada “tropa de choque” do bolsonarismo na CPI e calar-se perante os outros
senadores vai escapar de ser chamado de “trigrão e tchuchuca” dependendo de
quem fala com ele vai reclamar que um general do Exército.
Por isso, a covardia de Pazuello não
é a rendição de um indivíduo: é a exposição de seus companheiros de farda e de
posto.
Tijolaço.
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