Contratos
foram assinados na gestão Pazuello, mas foram anulados pela AGU. Militar com
cargo no Ministério da Saúde é suspeito de facilitar negócios para mesma
empresa no governo Bolsonaro.

Em
novembro de 2020, em meio à pandemia, o Ministério da Saúde contratou sem
licitação duas empresas para fazer reformas em seus imóveis no Estado do Rio de
Janeiro. As obras foram consideradas urgentes – por isso a licitação foi
dispensada – e orçadas em R$ 29 milhões.
Os contratos foram firmados pelo
superintendente do Ministério da Saúde no Estado do Rio, coronel George
Divério, nomeado pelo então ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello. Depois
de assinados, os contratos foram anulados pela Advocacia-Geral da União (AGU),
que considerou que não havia razão para a dispensa de licitação. A história foi
exibida nesta terça-feira, 18, pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Segundo a reportagem, em novembro de 2020
Divério autorizou a contratação da empresa LLED Soluções para reformar galpões
do Ministério da Saúde na zona norte do Rio. A obra custaria quase R$ 9
milhões.
Dois sócios da LLED Soluções já tinham se
envolvido em um escândalo em contratos anteriores com as Forças Armadas. Fábio
de Resende Tonassi e Celso Fernandes de Mattos eram donos da CEFA-3, que em
2007 fornecia material de informática para a Aeronáutica. Mas, como uma
investigação comprovou, o material vendido não foi entregue, causando prejuízo
de mais de R$ 2 milhões aos cofres públicos.
Em processo na Justiça Militar, Tonassi foi
condenado à prisão, mas segue recorrendo em liberdade. A empresa CEFA-3 está
proibida de celebrar contratos com o governo federal por 5 anos, até 2022.
Mas esses mesmos sócios abriram uma empresa
nova, a LLED Soluções, Instalações e Reformas Ltda., que durante a gestão do
presidente Jair Bolsonaro já fechou contratos no valor de R$ 4 milhões. O
contrato da reforma dos galpões foi mantido em sigilo no portal do Ministério
da Saúde na internet.
Dois dias depois de autorizar a reforma dos galpões, em novembro, o
superintendente Divério autorizou, novamente sem licitação, a contratação de
outra empresa para uma reforma completa na sede do Ministério da Saúde no Rio,
por R$ 20 milhões. A empresa contratada foi a SP Serviços, inscrita como
microempresa na prefeitura de Magé (Baixada Fluminense).
A obra foi considerada urgente com os mesmos
argumentos usados para a obra no galpão. O contrato previu iluminação
automática de LED na fachada, por R$ 1 milhão, e reforma do auditório, com 282
poltronas novas, a R$ 2,8 mil cada uma.
A SP Serviços foi contratada sem licitação em
três oportunidades por empresas ou instituições públicas dirigidas pelo coronel
George Divério, segundo o Jornal Nacional.
A AGU não aprovou as dispensas de licitação e os contratos foram anulados. A
AGU quer que a investigação continue para verificar se há indícios de conluio
entre os servidores e a empresa contratada. Os pareceres reconhecem que os
prédios precisam de reformas, mas afirmam que agora só seria possível fazer
obras ligadas à segurança.
Ao Jornal Nacional, a Superintendência do Ministério da Saúde no Rio
declarou que atuou dentro da normalidade em relação à dispensa de licitação,
que os processos foram anulados e encaminhados à Corregedoria-Geral do
Ministério da Saúde e que atua com transparência e lisura nos processos.
À TV Globo, a empresa LLED declarou que não
tem nenhuma relação com a CEFA-3 e que é apta a participar de licitações, e a
SP Serviços afirmou que teria condições de realizar a reforma da sede do
Ministério da Saúde no Rio.
Dom Total.
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