Compreende-se
a cautela com que o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de
Oliveira, conduz a punição de Eduardo Pazuello pela transgressão disciplinar,
evidente e provocadora, de ir discursar ao palanque de Jair Bolsonaro, domingo,
no Rio de Janeiro.
Nomeado
por ele para o comando da Arma há dois meses, o general sabe que não se tratou
de um ato pessoal de Pazuello apenas, mas de uma convocação política feita pelo
Presidente para que o “nosso gordinho” estivesse lá, galgando mais um degrau do
que pretendia mostrar ser o “seu” Exército, como fizera antes ao convocar para
isso o Ministro da Defesa, Braga Netto, a quem deu a mesma tarefa, uma semana
antes.
Netto,
porém, é da reserva e pode, embora jamais devesse, comparecer a manifestações
políticas. Agora, com Pazuello, Bolsonaro vai um passo além e transgride o
limite legal com um oficial que, por tudo, já se lhe mostrara “pau para toda
obra”, inclusive para afrontar seus colegas com a resistência em passar à
reserva.
Paulo
Sérgio, porém, sabe que – embora com respeito absoluto aos prazos
regulamentares – terá de tomar a atitude disciplinar que o cargo de comandante
lhe impõe, o Alto Comando deseja e a opinião pública e a mídia lhe exigem.
Mas
não ignora que, quando a tomar, será criticado e contestado pelo seu comandante
em chefe, o presidente da República.
É
exatamente isso que pretende Bolsonaro, que enxerga o Exército como um lugar de
camaradagem e espírito de corpo, não como uma instituição baseada na hierarquia
e na disciplina.
E
que tem, é notório, um histórico de sabotagem a ambas.
O
dilema do general-comandante, portanto, é que terá de decretar por lealdade ao
Exército, uma punição disciplinar que, na prática, atinge o presidente e, por
isso, se submeter à punição política que receberá por ter sido um militar que
respeita os regulamentos.
O
contrário, porém, seria mais grave. Relevar o ato inaceitável de Pazuello será
perder o respeito do Alto Comando do Exército e deixando que se dissemine, em
toda a tropa – e também na Marinha e na Aeronáutica – que só há um comandante
militar no Brasil: o ex-capitão que nunca soube o que é disciplina militar.
Tijolaço.
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