Já
vem de meses a história do Cinderelo da centro direita, aquele que ia
surgir esplendoroso e cujo destino seria calçar direitinho no desejo dos
brasileiros de “nem Bolsonaro, nem Lula”, disparando nas pesquisas para vencer
as eleições de 2022.
Já
estamos quase na metade do ano e nada do Cinderelo e vai chegar o fim
de 2021 sem que o distinto dê as caras. Até o Luciano Huck, um dos pretendentes
a isso está deixando para trás a pretensão de ser a mais velha novidade na
disputa eleitoral e aceitando a muito bem paga vaga do Faustão nos domingos
globais.
O
que surge parece e é piada: até Danilo Gentili e João Amoedo querem se lançar
ao páreo.
E,
agora, fixaram-se na ideia de que podem tirar da eleição o monstrengo que
fizeram presidente em 2018, apostando no seu derretimento total ou num
impeachment que, embora cheio de razões há muito tempo, só agora passa a
interessar porque ele é um estorvo eleitoral e não tem condições para “entregar
a encomenda” de vender patrimônio e retirar direitos sociais.
O
vezo golpista de parte de nossa elite é mesmo incorrigível. E é tão burra que
até um microcéfalo como Jair Bolsonaro a desmonta.
Não
entende que Bolsonaro conta com ela com o que ela própria procura construir no
eleitorado para ter chances em 2022: um ódio e uma exclusão política que não
admite o convívio com forças progressistas e de natureza social que Lula
encarna.
Será
que pensam que as pessoas não percebem que a busca alucinada pelo tal “3ª via” é,
a esta altura, nada mais tem a ver com a perspectiva de encontrar alguém capaz
de vencer Bolsonaro, mas com quem possa derrotar, com o mesmo ódio antipetista,
o ex-presidente Lula?
E
que Jair Bolsonaro desarma esta estratégia não se tornando mais flexível e
agregador, mas fazendo exatamente o contrário: firmando-se e afirmando-se cada
vez mais o inimigo, o adversário, o cruzado do antilulismo?
O
que, por exemplo, Ciro Gomes ganhou com sua estratégia de apresentar-se como
“Lula, PT, de jeito nenhum”? Cair de 12 para 6% nas pesquisas? O que Dória
deixando de ser o “odiador” paulista do Lula por tornar-se crítico acerbo de
Bolsonaro, depois do BolsoDória de 2018? Mesmo com seu desempenho com
a vacina – ainda que com as tiradas demagógicas – correto e digno de todo
aplauso, perdeu seu eleitorado e qualquer viabilidade eleitoral, que lhe falta
até para dominar seu partido.
A
exibição a cavalo de Jair Bolsonaro hoje, diante de suas manadas
fundamentalistas bem poderia ser o retrato do que ele fez com a direita
brasileira: é o “macho” que a montou e a controla.
Até
mesmo o ex-deus Moro, artífice-mor do desastre que culminou com sua eleição foi
destruído e o que remanesceu de seus “eleitores”, na sua falta, migra para o
ex-capitão.
E,
se Bolsonaro está a cavalo, a direita está à pé, assistindo Lula comer pelas
beiradas seus eleitores e até mesmo seus quadros políticos mais lúcidos, que já
buscam uma política de alianças com petista que elhes assegure posições
regionais e bancadas parlamentares, que é do que vivem por falta de
organicidade, que um dia tiveram com os tucanos.
Direita
orgânica quem tem – com o paradoxo de adorar agrotóxicos, na plantação e na
vida social – quem tem é Bolsonaro.
Tijolaço.
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